Vigias reclamam de atrasos dos salários

Empresa contratada para fazer a segurança de escolas municipais informou à Prefeitura que pagamentos estão em dia

Por Vinicius Camargo

Vigias foram contratados para coibir furtos e vandalismo nas unidade escolares municipais

Os vigias do Grupo ProShield, empresa contratada pela Prefeitura de Sorocaba para fazer a segurança dos prédios das escolas municipais, estão recebendo salários e benefícios atrasados há, pelo menos, quatro meses. A afirmação é de pelo menos dois funcionários ouvidos pelo Cruzeiro do Sul. A Secretaria da Educação (Sedu) diz que a situação foi resolvida. Os profissionais, no entanto, negam.

Segundo um vigia, que preferiu não ser identificado, no seu caso, o problema começou em junho de 2023. Ele conta que tanto o salário, quanto o vale-alimentação, vale-refeição e vale-transporte são depositados sempre entre três a quatro dias após as datas corretas. Além disso, o pagamento dos valores referentes a trabalho em dia de folga não ocorre há meses.

Ele contou que a situação piorou em novembro, pois a empresa pagou apenas 50% dos valores do vale-refeição e vale-transporte, tendo se comprometido a creditar o restante em 1º de dezembro. Apenas o vale-alimentação foi repassado integralmente, mas com atraso. Único empregado em sua casa, ele sustenta três crianças -- uma filha e dois enteados --, além da esposa. Por conta do problema, às vezes, a família sequer tem dinheiro para comprar alimentos e paga todas as contas com atraso, relatou.

No caso de outro profissional, que também preferiu ter a identidade preservada, os atrasos ocorrem desde janeiro. Conforme ele, a ProShield assumiu a segurança das escolas em novembro de 2022, após a antiga prestadora deixar o serviço devido aos mesmos problemas.

Quando questionada, geralmente, a empresa se compromete fazer os depósitos no mesmo dia, mas isso não acontece, segundo o vigia. Outras vezes, apresenta diferentes justificativas. “Sempre falam que é algum problema de RH, algum problema bancário”, falou. “Mais recentemente, a última desculpa foi que, por causa da tempestade, não conseguiram efetuar o pagamento dos funcionários”.

O vigia dispõe apenas dos seus ganhos para cuidar do filho -- atualmente desempregado -- e um neto pequeno. Para não desampará-los, pagar o aluguel e comprar mantimentos, ele precisa emprestar dinheiro dos irmãos. Por isso, está endividado. “Eu sou provedor, mas, praticamente, não estou provendo nada”, desabafou.

O trabalhador teme que a terceirizada encerre repentinamente a sua atuação na cidade e não pague os direitos de seus contratados, assim como aconteceu com a anterior. Diante dessa incerteza, ele está em busca de outro emprego. “Já mandei currículos para outros lugares, porque não me sinto seguro mais”, comentou.

Em nota, a Secretaria da Educação afirma ter tomado todas as providências cabíveis, tão logo tomou conhecimento do caso, reunindo-se com os colaboradores e representantes da ProShield. De acordo com um dos vigiais, na quarta-feira da semana passada (22), houve uma reunião entre o secretário da Educação, Clayton Lustosa, e os funcionários, mas sem a presença de representantes da terceirizada.

Os representantes do grupo esclareceram a situação junto à Prefeitura, comprovando os pagamentos já regularizados. O comunicado também informa que a empresa se comprometeu a atender aos trabalhadores, esclarecendo quaisquer eventuais dúvidas.

Ontem à noite, a Prefeitura confirmou que a empresa afirmou que todos os pagamentos estão em dia e que no dia 30, a empresa irá pagar a primeira parcela do 13º salário e os demais benefícios. A Secretaria Municipal da Educação segue acompanhando o caso de perto. Procurada pela reportagem, a ProShield não respondeu até o fechamento desta edição. (Vinicius Camargo)