Empresas têm dificuldade para programas de ESG

Por Cruzeiro do Sul

Com a ascensão da agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança corporativa), o maior desafio dos principais CEOs brasileiros não tem sido mais entender o que deve ser implementado, mas, sim, como fazer isso.

Segundo eles, as dificuldades vão desde a falta de uma regulação e de políticas públicas focadas na agenda sustentável até a principal delas: a falta de financiamento, aponta levantamento da Bain, empresa de consultoria e gestão. “É transversal na fala dos CEOs que a conta não fecha”, afirma a sócia da empresa que acompanhou o estudo, Daniela Carbinato.

Ela destaca que, embora esses projetos sejam vistos como agregadores de valor, também são considerados um fator de risco, considerando as dificuldades em dar vida à estratégia de sustentabilidade, estabelecer metas ambiciosas e avançar no alcance desses objetivos.

“Tem muito risco envolvido. Imagina que você é uma empresa de base, tem de mudar todas as suas estruturas para se adequar. Os investimentos novos são muito caros. Sem uma regulação e políticas públicas, eles não saem do papel”, afirma Daniela. Ela explica que as indústrias mais intensivas, as mais extrativistas, citam a ausência de um marco regulatório e a falta de políticas públicas, que criam um ambiente de incerteza e investimentos arriscados. Já para as de varejo, a maior dificuldade é mobilizar a sua cadeia produtiva.

Do lado de bens de consumo, Daniela destaca que comparar as tecnologias sujas de alta escala e as tecnologias verdes de baixa escala acaba sendo um grande impeditivo para o desenvolvimento da agenda verde, considerando que a competição acaba desfavorecendo as novas tecnologias, ainda caras e produzidas em menor escala.

Cerca de 80% dos entrevistados reconhecem os avanços de suas organizações, mas declararam estar insatisfeitos com a velocidade da transformação. No entanto, os efeitos de adotar a agenda já são vistos como positivos.

Mais de 50% dos entrevistados apontam que estão começando a sentir os efeitos positivos de ter uma estratégia robusta em sustentabilidade: maior facilidade para atrair capital, amplo acesso a mercados e atração de talentos foram as vantagens mais destacadas. (Estadão Conteúdo)