Negociações de acordo Mercosul-UE seguem em nível técnico

Por Cruzeiro do Sul

Número de manifestantes cresceu nas últimas horas

A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, disse nesta terça-feira, 30, que as negociações para o fechamento de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, costurado há mais de 20 anos, seguem em nível técnico. Na segunda-feira, a França disse que as negociações estavam interrompidas, mas o bloco europeu se manifestou nesta terça de forma contrária.

‘À luz do entendimento da última reunião do Mercosul, as negociações seguem no nível de negociadores-chefes, em nível técnico. É difícil cravar uma data, não faria isso aqui. O que posso dizer é que as conversas seguem‘, disse ela, em entrevista coletiva para comentar sobre o grupo de trabalho de desenvolvimento e investimento do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20).

A secretária afirmou que o governo brasileiro não ignora as posições apresentadas de fora do bloco do sul. ‘O Mercosul negocia com a comissão, não com Estados-membros‘, disse após perguntas de jornalistas sobre informações contraditórias sobre o tema na Europa.

De volta ao ostracismo público após as falas duras da França sobre o acordo, o tema pode surpreender quem apostava em nova hibernação do assunto. Fora dos holofotes, o corpo diplomático dos dois blocos continua a trabalhar diuturnamente por um consenso e começa a ser formada uma expectativa de que o tratado possa ser finalizado ainda no primeiro semestre de 2024.

Já se fala, inclusive, na volta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Brasil nos próximos meses com o objetivo específico de assinar o documento.

Macron rebate

O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou nesta terça-feira aqueles que culpam a União Europeia por todos os problemas enfrentados pelos agricultores, em meio aos protestos agrícolas no bloco.

De visita à Suécia, Macron considerou que é ‘fácil culpar a Europa por tudo‘ e garantiu que sem a Política Agrícola Comum (PAC) europeia, muitos agricultores franceses não teriam renda.

Suas declarações ocorrem em meio a protestos do setor na Europa. Na França, os agricultores começaram a bloquear as principais estradas ao redor de Paris na segunda-feira, para pressionar o governo.

Além de exigirem melhores remunerações, muitos deles exigem uma flexibilização das normas europeias que prevejam a redução de pesticidas, entre outros, e acabar com os acordos de livre comércio.

No seu foco está especialmente o acordo comercial que a UE e o Mercosul vêm negociando desde 1999, que inclui a importação de produtos agrícolas do bloco sul-americano.

Macron reiterou a sua oposição ao acordo na sua forma atual, porque, na sua opinião, as regras de produção agrícola destas nações sul-americanas ‘não são homogêneas‘ com as europeias.

O presidente francês, que se reunirá na quinta-feira (1º) com a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também defendeu uma melhor regulamentação das importações de frango e cereais da Ucrânia.

Além da França, a indignação agrária chegou a vários países da UE, como Alemanha, Polônia e Romênia. Os sindicatos agrícolas espanhóis anunciaram nesta terça-feira que se juntarão aos protestos. (Da Redação com informações AFP e Estadão Conteúdo)