Governo ainda avalia se fará venda direta de arroz
Produtores criticaram importação e disseram que preços vão se normalizar
Após críticas de produtores e vendedores de arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) afirmou na quarta-feira (29) que avalia se fará mesmo a venda direta de arroz importado ao comércio local. A iniciativa inédita está prevista em medida provisória publicada no último dia 24, que autoriza a Conab a importar 1 milhão de toneladas do grão para abastecer o mercado interno vendendo diretamente a varejistas.
O volume representa cerca de 10% do consumo anual do Brasil — estimado em 10,5 milhões de toneladas —, ou pouco mais de dois meses da venda no varejo. O arroz importado pelo governo chegará a supermercados e redes de atacado de alimentos com o rótulo do governo federal e a informação: “Arroz importado pelo governo federal”, ao preço tabelado de R$ 4 o quilo. Produtores viram na iniciativa oficial uma interferência no setor.
O governo informou a representantes de produtores de arroz, atacadistas e supermercadistas que pretendia vender o arroz diretamente, cadastrando o comércio interessado em revender o produto importado pelo governo.
Na quarta-feira, porém, o diretor de Operações e Abastecimento, Thiago dos Santos, disse que a Conab ainda trabalha no leilão de importação do arroz e que decidirá posteriormente a modalidade de venda do produto ao comércio.
“A MP autoriza a Conab a fazer a venda direta, lembrando que a Conab pode fazer também tanto a compra quanto a venda através dos seus leilões. Temos duas modalidades para esse produto chegar ao vendedor final”, afirmou Santos.
Nos leilões, a estatal oferece o produto a agentes privados na cadeia produtiva e não opera diretamente na distribuição ao comércio local. Ao final, a escolha vai depender da capacidade de a Conab lidar com uma atividade que não é parte de sua rotina
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o arroz importado pelo governo poderá chegar aos mercados em até 40 dias Pelo edital da Conab, os fornecedores poderão entregar o arroz nos armazéns da Conab ao longo de 90 dias, até 8 de setembro.
Para justificar a importação, o governo alega que empresários ao longo da cadeia produtiva se aproveitaram do momento de crise no Rio Grande do Sul para subir o preço do grão. O Estado responde por 70% do abastecimento nacional.
Os produtores dizem que não há falta do produto no mercado doméstico, uma vez que praticamente toda a safra gaúcha já foi colhida antes das enchentes. O que há, dizem, é um problema de logística que em um mês no máximo estará resolvido.
A venda direta do arroz importado pela Conab, a um preço abaixo do praticado pelo mercado, também é questionada pelo produtores. Eles dizem que a prática tende a desestimular o plantio da nova safra, além de pressionar as suas margens. Segundo os produtores, ainda, em 40 dias a situação de escoamento do arroz gaúcho já estará normalizada e o mercado com os preços mais equilibrados. (Estadão Conteúdo)