Evacuação difícil prossegue no Afeganistão
Líderes do Taleban se reuniram ontem na capital do Afeganistão para negociar um futuro governo “inclusivo”, enquanto o desespero de milhares de pessoas cresce, ainda à espera de deixarem o país em uma caótica operação de evacuação.
Um dos líderes do Taleban disse que o cofundador do grupo, o mulá Abdul Ghani Baradar, chegou a Cabul “para manter negociações com líderes dos combatentes extremistas e com responsáveis políticos para formar um governo inclusivo”.
Autoridades talebans informaram que esses encontros incluem altos líderes da rede Haqqani, considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos, que oferece milhões de dólares pelos seus líderes.
Detido entre 2010 até 2018, Baradar trabalhou desde então como chefe do Taleban em Doha, participando das negociações e da assinatura do acordo de retirada dos Estados Unidos.
Redes sociais anunciaram que Ahmad Masud -- filho do comandante Ahmad Shah Masud, conhecido pela sua oposição ao grupo fundamentalista, pediu armas aos Estados Unidos para se defender do novo poder taleban na cidade de Panshir (ao nordeste de Cabul).
Seis dias depois que os talebans tomaram o poder no Afeganistão, o fluxo de pessoas que tentam fugir de seu regime islâmico preocupa a comunidade internacional. As ruas que levam ao aeroporto estavam lotadas ontem.
O vídeo de um soldado americano que levantou um bebê sobre um muro no aeroporto de Cabul foi o mais recente retrato do desespero vivido por milhares de afegãos, depois das imagens de terror de pessoas penduradas nos aviões em plena decolagem.
“Por favor, por favor, me ajude, para onde vou? O que devo fazer?”, escreveu um homem que disse ter trabalhado anos atrás na embaixada dos EUA, em um grupo de WhatsApp no qual as pessoas compartilham informações sobre como sair.
Ontem, militares americanos e uma brigada das forças especiais afegãs estavam em alerta para evitar que os civis invadam o aeroporto. Atrás deles, os talibãs observavam a situação.
Os Estados Unidos pediram aos seus cidadãos no país que evitem por enquanto ir até o aeroporto de Cabul, citando “potenciais ameaças à segurança” perto dos portões. O presidente americano, Joe Biden, admitiu no dia anterior que a presença dos soldados não garante uma passagem segura.
Na Espanha, a chefe da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, pediu aos países da União Europeia (UE), que também participam da operação de retirada, para receberem refugiados afegãos. (AFP)