Atentado agrava crise no Afeganistão
Explosões deixam dezenas de mortos, entre eles 13 militares americanos; Biden promete retaliação
A crise afegã deu uma reviravolta dramática ontem (26), após um duplo atentado reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) que deixou dezenas de mortos, entre eles 13 americanos, no aeroporto de Cabul, onde prosseguiam as retiradas de estrangeiros e afegãos que fogem do novo regime taleban.
As duas explosões deixaram, pelo menos, 52 feridos (18 deles americanos) às portas do aeroporto de Cabul, provocando cenas de pânico. Outra forte explosão sacudiu Cabul na madrugada de sexta (fim de tarde no Brasil), sem que nenhuma fonte oficial pudesse determinar sua origem.
Mais tarde, o porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahadid, informou no Twitter que tratou-se de uma explosão controlada pelas forças americanas para destruir equipamentos no aeroporto e que os moradores de Cabul não precisavam se preocupar.
O presidente americano, Joe Biden, discursou à nação na Casa Branca e prometeu represálias ao ataque terrorista em Cabul. “Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos caçá-los e fazê-los pagar”, disse Biden em alusão aos autores do ataque. No pronunciamento, ele chamou os militares mortos de “heróis”.
O presidente também garantiu que os Estados Unidos não serão “dissuadidos por terroristas” e que vão manter a retirada de milhares de civis do país apesar do atentado.
Joe Biden ainda negou ter qualquer indicação de um conluio entre o Taleban e militantes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na realização do atentado mortal em Cabul.
“Até agora, não há evidências dadas por nenhum dos comandantes no terreno de que houve conluio entre o Taleban e o EI para a realização do ocorrido hoje (ontem)”, disse Biden no pronunciamento na Casa Branca.
Situação caótica
O secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou uma reunião dos membros permanentes do Conselho de Segurança para discutir a caótica situação no Afeganistão após o atentado em Cabul, informaram diplomatas. Guterres enviou cartas para convidar formalmente os Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China a se reunirem na segunda-feira.
No terreno, homens com roupas ensopadas de sangue e mulheres soluçando tentavam deixar o local, enquanto alguns feridos eram transportados em carrinhos de mão. Um menino se agarrava ao braço de um homem com um ferimento na cabeça, segundo imagens que circulavam pelas redes sociais.
“Nossas primeiras informações falam de 13 a 20 mortos e 52 feridos nas explosões no aeroporto de Cabul”, declarou Zabihullah Mujahid, porta-voz dos talebans, que tomaram o poder no Afeganistão em 14 de agosto. Mujahid lembrou que a área está ‘sob responsabilidade das forças dos Estados Unidos”.
Mais de 100.000 pessoas foram retiradas do Afeganistão desde 14 de agosto, um dia antes de os talebans tomarem o poder no país, informou um funcionário da Casa Branca. (Da Redação, com informações da AFP)