EUA concluem a retirada do Afeganistão
O último soldado americano se retirou ontem do Afeganistão, anunciou o Pentágono. Com isso, os Estados Unidos deixam o país nas mãos dos talebans, seus inimigos por 20 anos. “Estou aqui para anunciar a conclusão da nossa retirada do Afeganistão e o fim da missão militar para evacuar os cidadãos americanos”, declarou o general Kenneth McKenzie em coletiva de imprensa.
“O último avião C-17 decolou do aeroporto de Cabul em 30 de agosto” às 16h29 (de Brasília), disse o chefe do Comando Central dos Estados Unidos, a cargo das operações militares no Afeganistão. O voo decolou do Aeroporto Internacional Hami Karzai um minuto antes da meia-noite, no horário de Cabul. O presidente Joe Biden definiu a data de hoje (31) como o prazo limite para a retirada.
McKenzie informou que o embaixador dos EUA no Afeganistão, Ross Wilson, e o comandante das forças militares americanas em solo afegão, general Chris Donahue, foram os últimos a deixar Cabul. “As equipes do Departamento de Estado e da Defesa foram, na verdade, as últimas pessoas a entrar no avião”, disse ele.
O último voo foi realizado com fortes medidas de segurança, após dois ataques contra a operação de retirada, reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico-Khorasan. Um deles, um ataque suicida que deixou mais de 100 mortos, incluindo 13 militares norte-americanos.
Sobraram alguns
O Pentágono admitiu que não foi capaz de retirar tantas pessoas quanto gostaria, antes da partida de suas últimas tropas do aeroporto de Cabul. “Não evacuamos todos os que queríamos”, disse McKenzie. Ele observou que as retiradas foram concluídas cerca de 12 horas antes da retirada final, mas enfatizou que as forças americanas no terreno estavam prontas para retirar qualquer pessoa que chegasse ao aeroporto “até o último minuto”.
McKenzie disse que os talebans ajudaram na execução da retirada, apesar da profunda inimizade entre os dois lados. “Embora a evacuação militar tenha sido concluída, continua a missão diplomática para assegurar (a saída de) mais cidadãos americanos e afegãos elegíveis que queiram partir”, acrescentou.
Sabe-se que um número não determinado de americanos, muitos deles com dupla nacionalidade, não conseguiram partir e permanecem no Afeganistão. O mesmo acontece com vários afegãos que queriam sair, mas não conseguiram embarcar nos aviões americanos.
Desde 14 de agosto, aviões dos Estados Unidos e seus aliados retiraram mais de 123.000 civis por via aérea, de acordo com o Pentágono.
As tropas americanas lideraram uma coalizão da Otan para tirar o regime taleban do poder após os ataques de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos, executados pela rede Al Qaeda, que estava baseada no Afeganistão e era protegida pelos talebans. Tão logo os Estados Unidos confirmaram a saída de seus militares do país, disparos foram ouvidos em Cabul.
O presidente americano, Joe Biden, anunciou que discursará hoje à nação, para falar sobre a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão. O discurso ocorrerá às 13h30 locais (14h30 de Brasília). (AFP)