Polícia do Canadá faz prisões durante protestos contra medidas anticovid

Comboio bloqueia as ruas de Ottawa contra obrigatoriedade de imunização

Por Estadão Conteúdo

Polícia do Canadá faz prisões durante protestos contra medidas anticovid.

A polícia do Canadá está reprimindo as manifestações antivacinas do chamado "Comboio da Liberdade" na capital Ottawa, fazendo várias prisões, emitindo centenas de multas e apreendendo veículos e combustível após o prefeito declarar estado de emergência.

A declaração de emergência foi projetada para dar aos policiais mais flexibilidade para responder às centenas e às vezes milhares de caminhoneiros e seus apoiadores que estão reunidos nas ruas para protestos contra as medidas de contenção do coronavírus, disse o prefeito Jim Watson no domingo (6). Segundo ele, a declaração reflete o "grave perigo e ameaça à segurança e proteção dos moradores".

Fogos de artifício foram disparados, motoristas buzinaram e as ruas permaneceram bloqueadas pelo segundo fim de semana consecutivo, e Watson admitiu no domingo que as autoridades estavam "em menor número" e "perdendo esta batalha".

O Serviço de Polícia de Ottawa disse em comunicado que abriu mais de 60 investigações criminais em meio aos protestos, incluindo roubos, crimes de ódio e danos à propriedade. Pelo menos sete prisões foram feitas até a noite de domingo, ligadas a danos materiais e outros atos de "prejuízo", disse a polícia. "Vários veículos e combustível foram apreendidos", disse o comunicado.

Entre as mais de 500 multas emitidas neste fim de semana estavam avisos de "buzina excessiva" e violação do uso de cinto de segurança. Na manhã de domingo, a polícia disse que os policiais emitiram mais de 450 multas desde o dia anterior, inclusive para caminhões sem seguro e placas obstruídas. Outras 100 multas foram anunciadas no domingo à noite, inclusive para pessoas que estavam dirigindo na contramão.

O "Comboio da Liberdade", composto em grande parte por caminhoneiros, começou como um movimento contra a exigência de vacina para motoristas que cruzassem a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos. Mas desde então evoluiu para uma mobilização contra as medidas restritivas do primeiro-ministro Justin Trudeau para combater a pandemia.

O centro de Ottawa, sede do Parlamento, Banco Central e edifícios do governo canadense, incluindo o escritório de Trudeau, está em grande parte em confinamento depois que os caminhoneiros ocuparam as ruas. Uma ação coletiva busca uma liminar para silenciar os constantes buzinaços dos caminhoneiros. A audiência ocorrerá nesta segunda-feira (7).

Na noite de domingo, a polícia começou a remover suprimentos de gás e combustível em um acampamento logístico montado por manifestantes. Uma cadeia de suprimentos bem organizada - incluindo saunas portáteis, cozinha comunitária e castelos infláveis para crianças - tem sustentado os manifestantes. O acampamento dependeu em parte do financiamento de simpatizantes nos Estados Unidos, disse a polícia.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e o CEO da Tesla, Elon Musk, elogiaram os caminhoneiros.

O governo canadense se recusou a recuar na questão. Trudeau, que está se isolando após testar positivo para Covid-19, descartou usar os militares para dissolver o protesto. Trudeau e sua família deixaram residência no centro da cidade quando os caminhoneiros começaram a chegar em Ottawa. A nova localização não foi divulgada devido a questões de segurança.

No fim de semana, os protestos se espalharam por outras grandes cidades canadenses, incluindo a capital financeira Toronto, e foram recebidos com manifestações contrárias. Os protestos, inclusive em Ottawa, foram em grande parte pacíficos.

Os canadenses seguiram amplamente as medidas de saúde do governo e quase 79% da população elegível tomou a dose dupla da vacina. Mas pesquisas recentes mostraram que as frustrações contra as restrições estão crescendo no país. Com agências internacionais).