Atirador do 4 de Julho é preso nos Estados Unidos
Antes de ser acusado de semear morte e caos no desfile do Dia da Independência americana em Highland Park, comunidade abastada do subúrbio de Chicago, conhecia Robert Crimo como um garoto tranquilo e ex-membro dos escoteiros.
Só que ele era outra pessoas durante suas atividades na internet. Na rede, o jovem de 21 anos, conhecido por amigos e familiares como ‘Bobby‘, mostrava uma forte inclinação à violência e não escondia a ira por ser ignorado pelos colegas.
‘Eu o conheço como alguém que era um escoteiro quando eu era líder dos escoteiros‘, declarou nesta terça-feira à emissora NBC a prefeita de Highland Park, Nancy Rotering, que descreveu Crimo como ‘apenas um jovem‘.
‘É uma dessas coisas em que a gente dá um passo para trás e se pergunta: ’O que aconteceu?’‘, declarou Rotering após Crimo cometer o ataque.
Armado com uma arma similar a um fuzil semiautomático AR-15, ‘Bobby‘ abriu fogo do teto de um edifício contra centenas de pessoas que assistiam ao tradicional desfile de 4 de Julho. Pelo menos seis pessoas morreram e 26 ficaram feridas.
Crimo, que cresceu em Highland Park, morava em um apartamento atrás da casa de seu pai, Bob Crimo, dono de uma mercearia e que concorreu contra Rotering para prefeito em 2019.
O tio do suspeito, Paul Crimo, afirmou à CNN que o sobrinho era uma ‘pessoa tranquila e solitária‘.
‘Não via sinais que indicavam que ele faria algo assim‘, completou.
Contudo, admitiu que não gostava de interagir com o sobrinho: ‘Eu ficava com ele, mas realmente eu não gostava de me relacionar com ele‘.
Apesar da percepção geral de que Crimo era apenas um jovem introvertido, sua personalidade na internet apresentava sinais preocupantes.
Branco, magro, de barba irregular, o jovem exibe várias tatuagens no pescoço e na cara, incluindo uma sobre a bochecha esquerda com a palavra ‘Awake‘ (Acordado), uma referência a seu nome artístico.
Ele se apresentava como músico e era conhecido na internet pelo apelido ‘Awake the Rapper‘.
Crimo postou suas músicas e vídeos no Spotify e no YouTube, mas tinha um acompanhamento modesto do público.
Em um vídeo, imagens desenhadas no computador mostram uma figura com equipamento militar disparando um rifle em uma pessoa ajoelhada implorando por misericórdia.
Outro vídeo mostra Crimo em uma sala de aula, usando capacete e colete, ao lado de uma bandeira americana enquanto lançava balas no chão. Uma narração diz: ‘Preciso fazer isso. É o meu destino‘.
Em outro clipe, Crimo afirma: ‘Odeio quando outras pessoas recebem mais atenção que eu na Internet‘.
Os vídeos e músicas foram em sua maioria retirados do Youtube e Spotify. As páginas de mídia social de Crimo também foram removidas.
Crimo ‘parece ter tido intenções violentas por um longo tempo, até mesmo ilustrando isso‘ em seus vídeos, disse Emerson Brooking, pesquisador do Atlantic Council, especializado em uso extremista da Internet e das mídias sociais. (AFP)