Após um ano, guerra une Otan e aproxima Rússia e China

Conflito já deixou mais de 280 mil mortos; 13 milhões deixaram suas casas

Por Cruzeiro do Sul

Soldado ucraniano carrega munições: resistência mais forte

A guerra na Ucrânia completa um ano hoje (24) com americanos e europeus cada vez mais envolvidos no conflito, e uma tensão cada vez maior dos Estados Unidos com Rússia e China, rivais históricos que voltam a se alinhar. A guerra deixou mais de 280 mil mortos em ambos os lados, segundo estimativas, e 13 milhões de pessoas deixaram suas casas na Ucrânia. O conflito também popularizou os drones suicidas.

A cada incursão russa em território da Ucrânia ao longo destes 12 meses de conflito, alianças e acordos internacionais tiveram de se rearranjar.

Americanos e europeus, que vinham de anos de distanciamento e atritos durante o mandato de Donald Trump em Washington, reaproximaram-se com rapidez em torno da Otan para dar suporte à Ucrânia e conter o avanço russo rumo ao Ocidente.

O apoio aberto a Kiev -- algo que nem sequer parecia próximo antes da invasão -- materializou-se de maneira mais simbólica na segunda-feira (21), quando o presidente dos EUA, Joe Biden, fez uma visita-surpresa à Ucrânia, em uma rara aparição de um chefe de Estado americano em uma zona de guerra onde os EUA ou seus aliados não têm controle sobre o espaço aéreo.

Só em ajuda militar, os EUA enviaram o equivalente a US$ 25 bilhões (R$ 129 bilhões), segundo um balanço do Departamento de Estado americano. A conta não considera gastos com ajuda humanitária e financeira o que elevaria o valor total a quase US$ 50 bilhões (R$ 258 bilhões). Ao todo, os países da Otan enviaram mais de US$ 80 bilhões (R$ 413 bilhões) em 2022.

Resolução da ONU

A Assembleia Geral da ONU aprovou ontem (23), por ampla maioria uma resolução exigindo a “retirada imediata” das tropas russas da Ucrânia para encerrar a guerra iniciada há um ano por Moscou. Foram 141 votos a favor, sete contra (Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Nicarágua, Mali e Síria) e 32 abstenções.

A Assembleia Geral exigiu que a Rússia “retirasse imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”, referindo-se aos territórios anexados por Moscou.

Além disso, os Estados Unidos anunciaram novas sanções “de amplo alcance” “contra setores-chave que geram receitas para Putin”, declarou em coletiva de imprensa a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Hoje, no dia em que a guerra completa um ano, a Ucrânia será o tema central de uma cúpula virtual dos países do G7 -- Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos -- com a participação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Os líderes abordarão como seguir apoiando a Ucrânia”, disse Karine Jean-Pierre, que não especificou, porém, se os demais integrantes do G7 se unirão às novas sanções. (AFP e Estadão Conteúdo)