TikTok confirma que EUA pediu que se separe de sua matriz chinesa

Os esforços parlamentares para vetar o aplicativo ressurgiram após a derrubada pelos Estados Unidos, em fevereiro, de um balão chinês, acusado de ser um dispositivo de espionagem

Por Cruzeiro do Sul

Logotipo do Tik Tok

O TikTok confirmou à AFP que o governo dos Estados Unidos aconselhou o aplicativo a se separar de seu proprietário, o grupo chinês ByteDance, para não ser banido dos Estados Unidos, à medida que aumentam a pressão contra a plataforma popular e a irritação de Pequim. "Se o objetivo é proteger a segurança nacional, é desnecessário apelar ao banimento ou à alienação, pois nenhuma das opções resolve os problemas de acesso e transferência de dados da indústria", disse na quarta-feira (15) um porta-voz do TikTok à AFP.

"Continuamos confiantes de que o melhor caminho para lidar com as preocupações de segurança nacional é a proteção dos dados e sistemas de usuários baseados nos EUA, com monitoramento robusto, investigação e verificação de terceiros", acrescentou o porta-voz. De acordo com um artigo publicado pelo Wall Street Journal (WSJ) e outros veículos de comunicação, a Casa Branca deu um ultimato: se o TikTok continuar sendo propriedade da ByteDance, ele será banido dos Estados Unidos.

O ministério das Relações Exteriores da China exortou nesta quinta-feira (16) os Estados Unidos a "parar os ataques injustificados" contra a plataforma e denunciou um ambiente empresarial que discrimina grupos estrangeiros. "As questões de segurança de dados não devem ser usadas como uma ferramenta para alguns países ampliarem o conceito de segurança nacional, abusarem do poder do Estado e reprimirem de forma irracional as empresas de outros países", disse seu porta-voz, Wang Wenbin.

"Os Estados Unidos ainda não forneceram nenhuma evidência de que o TikTok ameace a segurança nacional dos Estados Unidos", acrescentou. A plataforma é vista como um perigo para a segurança nacional por vários congressistas que a acusam de dar a Pequim acesso aos dados de usuários de todo o mundo, algo que o Tik Tok nega.

Os esforços parlamentares para vetar o aplicativo ressurgiram após a derrubada pelos Estados Unidos, em fevereiro, de um balão chinês, acusado de ser um dispositivo de espionagem. O pedido da Casa Branca vem do Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS), órgão do governo responsável por avaliar os riscos de qualquer investimento estrangeiro para a segurança nacional.

O governo e o Departamento do Tesouro se recusaram a comentar a informação. O TikTok fez um grande esforço para tranquilizar os políticos e o público sobre sua integridade e esperava chegar a um acordo com a agência federal CFIUS.

"A maneira mais rápida e eficaz de abordar essas preocupações... é o CFIUS adotar o acordo proposto no qual estamos trabalhando com eles há quase dois anos", disse um porta-voz do aplicativo TikTok no final de fevereiro. No entanto, a Casa Branca comemorou na semana passada um projeto de lei aprovado pelo Senado dos EUA com apoio bipartidário que daria ao presidente Joe Biden autoridade para banir totalmente o TikTok.

A Casa Branca já proibiu funcionários de órgãos federais de terem o aplicativo em seus dispositivos, por meio de lei sancionada no início de janeiro. A Comissão Europeia e o governo canadense recentemente tomaram decisões semelhantes para os smartphones de seus funcionários.

O aplicativo ultrapassou o YouTube, Twitter, Instagram e Facebook em "tempo gasto" por adultos americanos em cada uma dessas plataformas nos últimos anos e está pouco atrás do Netflix, de acordo com a Insider Intelligence. (AFP)