First Citizens anuncia compra do Silicon Valley

Quebra do SVB trouxe receio de uma nova crise financeira global

Por Cruzeiro do Sul

Acordo para a aquisição prevê a reabertura de agências

O banco First Citizens Bank, um dos maiores bancos regionais dos Estados Unidos, fechou acordo para comprar o Silicon Valley Bank (SVB), mais de duas semanas após a quebra da instituição abalar o setor bancário no país e criar o receio de uma nova crise nos mercados financeiros globais.

A transação envolve a venda de US$ 119 bilhões em depósitos e cerca de US$ 72 bilhões em empréstimos do SVB, com desconto de US$ 16,5 bilhões. Cerca de US$ 90 bilhões em títulos do SVB permanecerão em liquidação judicial, segundo comunicado divulgado pelo Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC). A previsão é de que todas as 17 antigas agências do SVB reabram nos próximos dias com a bandeira do First Citizens Bank.

“Os clientes do Silicon Valley Bank devem continuar a usar sua agência atual até que recebam notificação do First Citizens Bank & Trust Company de que as conversões de sistemas foram concluídas para permitir serviços bancários completos em todas as outras filiais”, ressaltou o FDIC.

O SVB, com sede em Santa Clara, Califórnia, quebrou no dia 10 de março, depois que os clientes correram para sacar dinheiro em meio a temores sobre a saúde do banco. Foi o segundo maior colapso bancário nos EUA após a quebra do Washington Mutual, em 2008.

Dois dias depois, uma outra instituição, o Signature Bank, com sede em Nova York, também foi fechada pelos reguladores americanos, na terceira maior falência bancária dos EUA.

O vice-presidente de supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Michael Barr, avalia que o colapso do SVB revela “a necessidade de melhorar a resiliência bancária”, com o próprio Fed realizando uma revisão de sua supervisão para descobrir se a atuação era “apropriada ao rápido crescimento e vulnerabilidades do banco”.

Em discurso preparado para ser apresentado hoje, no Senado dos EUA, Barr comenta que o colapso do SVB se deu por sua gestão de riscos internos e de controles inadequados. Porém, caso a supervisão do Fed se revele como falha após a revisão, o vice-presidente de supervisão afirmou que está comprometido para que o Fed “assuma quaisquer falhas regulatórias”.

O FDIC, que atua nas garantias de depósitos bancários, estimou que a falência do SVB custará cerca de US$ 20 bilhões ao fundo de seguro financiado por todo o setor financeiro no país. (Estadão Conteúdo e agências internacionais)