França tem 1º de maio marcado por protestos e violência
Como ocorre desde 16 de março, quando o presidente Emmanuel Macron decidiu adotar por decreto sua reforma que adia a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos em 2030
A França viveu, nesta segunda-feira, um 1º de maio de protestos multitudinários contra a reforma da Previdência em um contexto de inquietação com a inflação, que tem provocado greves e manifestações em todo o mundo nos últimos meses.
‘É um grande 1º de maio. Não é o fim da luta, é o protesto do mundo do trabalho contra esta reforma‘, disse o líder do sindicato CFDT, Laurent Berger, no começo do protesto, em Paris, por ocasião do Dia Internacional do Trabalhador.
Como ocorre desde 16 de março, quando o presidente Emmanuel Macron decidiu adotar por decreto sua reforma que adia a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos em 2030, os protestos registraram confrontos entre a polícia e manifestantes radicais em Paris e em outras cidades.
Desde o começo do conflito social, em janeiro, a segunda economia da União Europeia (UE) tornou-se o centro das atenções do mundo. Nesta segunda, representantes sindicais de Coreia, Turquia, Colômbia e Espanha, entre outros, estavam presentes em Paris.
‘Não se trata de preservar as aposentadorias na França, mas em todo o mundo. As pessoas deveriam poder se aposentar dignamente‘, disse David Huerta, representante do sindicato americano do setor de serviços SEIU-USWW.
A reforma da Previdência na França pôs em questão a importância do trabalho na vida dos cidadãos, após a pandemia de Covid-19 e os confinamentos decorrentes da crise sanitária, e em plena inquietação com o aquecimento global e suas consequências.
Nesta segunda, ambientalistas atiraram tinta na fachada da Fundação Louis Vuitton e na sede do ministério da Justiça francês, na célebre praça Vendôme, para denunciar, neste último caso, uma ‘lei [da Previdência] ’climaticida’‘.
Mas a isto somaram-se as preocupações em nível global com a perda do poder aquisitivo, diante do aumento de preços dos alimentos e da energia, provocado pela invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.
O Reino Unido, onde a inflação passa dos 10%, vive, por exemplo, uma onda de mobilizações sociais pedindo aumento de salários, tanto nos serviços públicos quanto no setor privado.
Esta reivindicação também esteve presente nas manifestações celebradas na Europa, de Portugal à Grécia, após já ter motivado manifestações ou greves setoriais nos últimos meses em vários países, entre eles Canadá e Argentina.
‘Macron, demissão‘
Na França, os sindicatos estão decididos a prosseguir na luta contra uma reforma ‘injusta‘ que, avaliam, penaliza as mulheres que interromperam suas carreiras para cuidar dos filhos e aqueles que começaram a trabalhar muito jovens.
Os protestos deste 1º de maio reuniram entre 782 mil e 2,3 milhões de pessoas, segundo as autoridades e o sindicato CGT, respectivamente, embora não tenham alcançado o nível de mobilização do começo de março. (AFP)