Crime organizado tira do Equador o título de ilha de paz do Pacífico

Assassinato a tiros do candidato presidencial de centro, Fernando Villavicencio, segundo nas intenções de voto, chocou o país na quarta-feira (9)

Por Cruzeiro do Sul

A ambientalista Andrea González assume a disputa no lugar de Fernando Villavicencio, que foi assassinado

Há alguns anos, o Equador era uma ilha de paz entre Colômbia e Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína. Desde 2018, porém, ao ritmo das apreensões de drogas, começaram a aumentar os homicídios com a assinatura do crime organizado transnacional.

O assassinato a tiros do candidato presidencial de centro, Fernando Villavicencio, segundo nas intenções de voto, chocou o país na quarta-feira (9). Seis colombianos foram presos pelo crime, e um sétimo morreu em um confronto com a polícia.

O assassinato aconteceu às vésperas das eleições gerais antecipadas no Equador, onde a violência relacionada ao tráfico de drogas levou a taxa de homicídios a um recorde de 26 por 100 mil habitantes em 2022, quase o dobro do ano anterior.

Em guerra contra o narcotráfico e sem conseguir conter a violência, o presidente Guillermo Lasso, acusou o “crime organizado” pelo assassinato do candidato que denunciou milionários casos de corrupção e que havia recebido ameaças de morte do grupo Los Choneros.

O ministro do Interior, Juan Zapata, destacou que mais de 13 organizações criminosas operam no Equador, incluindo Los Choneros, o mais antigo e poderoso, agora aliado do cartel mexicano de Sinaloa. A Inteligência militar contabiliza até 26 quadrilhas ligadas ao narcotráfico. O rival mais importante de Los Choneros, Los Lobos, está associado ao cartel mexicano Jalisco Nueva Generación.

Especialistas explicam que a guerra contra as drogas no México e na Colômbia levou cartéis desses dois países e máfias albanesas a se instalarem no Equador. Para o tráfico de drogas, são fundamentais os portos estratégicos do Pacífico, ponto de partida da cocaína para a Europa e para os Estados Unidos.

Também foram atraídos pelas fronteiras porosas do país, pela economia dolarizada, pela corrupção do Estado e pela falta de controle sobre a lavagem de dinheiro, dizem os especialistas.

Candidata

A ambientalista Andrea González, que integrava a chapa do candidato à Presidência do Equador assassinado, Fernando Villavicencio, assumirá seu lugar na disputa das eleições de 20 de agosto, informou, ontem (12), o partido de centro Construye. “O movimento vai substituir o binômio presidencial, colocando Andrea González como presidente”, informou a organização em um comunicado.