Brics concorda em admitir novos membros

Por Cruzeiro do Sul

Delegação brasileira acompanha a fala de Putin em vídeo

Os membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) concordaram, ontem (23), em Joanesburgo, com a expansão do bloco de potências emergentes, embora ainda não tenham divulgado uma lista dos possíveis novos membros.

“Concordamos na questão da expansão. Aprovamos um documento que define as diretrizes e os princípios e processos de exame para os países que desejam se tornar membros do Brics”, disse o ministro das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, à rádio pública Ubuntu.

O chanceler sul-africano não especificou que países farão parte do bloco nos próximos anos, embora tenha afirmado que serão divulgados mais detalhes até o fim da cúpula, na noite de hoje (24).

Cerca de 40 nações -- incluindo Argentina, Cuba, Nigéria e Irã -- solicitaram a adesão ou manifestaram o desejo de aderir ao bloco criado em 2009, que representa atualmente quase um quarto do PIB e 42% da população mundial.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que “o interesse de vários países de aderir ao agrupamento é reconhecimento de sua relevância crescente”.

A China, peso pesado econômico do grupo, reiterou sua posição a favor da expansão. “O Brics deve trabalhar pelo multilateralismo e não criar pequenos blocos. Devemos integrar outros países à família”, disse o presidente chinês, Xi Jinping. Após guardar silêncio ontem, a Índia também se pronunciou a favor da abertura.

Ordem mundial multipolar

O Brics reafirmou na cúpula a sua posição de “não alinhamento” e a sua reivindicação de um mundo multipolar, em um momento de acentuada divisão internacional devido à invasão russa da Ucrânia.

“A guerra na Ucrânia evidencia as limitações do Conselho de Segurança. O Brics deve atuar como uma força pelo entendimento e pela cooperação”, disse o presidente brasileiro.

Os membros da aliança compartilham um desejo comum de afirmar o seu lugar no mundo. Paralelamente à cúpula, Lula declarou que deseja que o Brics seja colocado em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos.

Os Estados Unidos garantiram ontem que não veem o Brics como futuro “rival geopolítico” e que desejam manter suas “relações sólidas” com Brasil, Índia e África do Sul.

O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou as “sanções ilegítimas e o congelamento ilegal de ativos russos” pelos Estados Unidos.

O chefe de Estado russo, que tem um mandado de prisão internacional por crimes de guerra na Ucrânia e por isso não viajou para Joanesburgo, falou na cúpula com uma mensagem de vídeo gravada. “Defendemos uma ordem mundial multipolar”, destacou.

O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, presente em Joanesburgo, anunciou que seu país sediará a cúpula anual do Brics em 2024.

A agenda da atual cúpula do Brics, que representa 18% do comércio mundial, também inclui a busca por alternativas ao dólar em suas transações comerciais. Veja mais sobre isso na página A9. (AFP)