Pedro Sánchez garante outro mandato como primeiro-ministro da Espanha
179 dos 350 deputados votaram a favor e 171 contra
O socialista Pedro Sánchez foi reeleito presidente do Governo espanhol pelo Congresso nesta quinta-feira (16), após reunir o apoio da maioria dos deputados.
"Declaro outorgada a confiança do Congresso a Don Pedro Sánchez", anunciou a presidente da Câmara, Francina Armengol, após dizer que 179 dos 350 deputados votaram a seu favor e 171, contra.
O apoio dos sete deputados ligados ao separatista catalão Carles Puigdemont, graças a um polêmico acordo de anistia aos independentistas, foi fundamental para que Sánchez -- à frente do governo desde 2018, quando venceu uma moção de censura -- permanecesse no cargo por mais quatro anos.
O presidente reeleito poderá formar um novo Governo nos próximos dias com os seus aliados da coalizão de extrema esquerda Sumar, encerrando quase quatro meses de bloqueio desde as eleições legislativas de 23 de julho.
Sánchez ficou em segundo lugar nas eleições, atrás do rival conservador Alberto Núñez Feijóo. Nas últimas semanas, precisou negociar com todos os lados para selar acordos com vários grupos regionalistas, cujo apoio se revela crucial na ausência de uma maioria clara no Parlamento.
Ele manteve negociações com o partido do líder separatista catalão Carles Puigdemont, que vive na Bélgica há seis anos para evitar ser processado por liderar a tentativa de secessão da Catalunha em 2017.
Ao concordar, após intensas negociações, em apoiar a reeleição de Sánchez, Puigdemont obteve dos socialistas o compromisso de aprovar uma lei de anistia para centenas de apoiadores da independência processados, o que deve permitir seu regresso à Espanha.
"Fechar feridas"
Na quarta-feira (15), ao apresentar aos deputados as prioridades da sua nova legislatura, Pedro Sánchez defendeu a necessidade e a constitucionalidade desta medida, à qual se opôs no passado.
"Esta anistia é necessária para "fechar as feridas" abertas pela crise de 2017", afirmou o presidente do Governo, e disse que quer garantir "a unidade da Espanha através do diálogo e do perdão".
O Partido Popular de Feijóo acusa o Partido Socialista de ter aprovado o projeto de lei com o único objetivo de permanecer no poder a todo o custo. E alerta que a Espanha pode acabar na mira da UE, como a Hungria e a Polônia, pelo ataque ao Estado de Direito que o projeto representa.
Rejeitada pela maioria dos espanhóis, segundo diversas pesquisas de opinião, a anistia levou centenas de milhares de pessoas às ruas no domingo, convocadas pelo PP.
Uma nova manifestação está prevista para sábado em Madri, na qual participarão líderes do PP e do partido de extrema direita Vox.
"A anistia não vai melhorar a convivência", respondeu Feijóo em um debate parlamentar na quarta-feira.
As manifestações diárias da extrema direita em frente à sede do Partido Socialista em Madri, realizadas desde a semana passada, terminam regularmente em tumultos. Na noite de quarta-feira, mais 15 pessoas foram detidas por perturbação da ordem pública e confronto com a polícia, segundo a Delegação do Governo em Madri.
Devido à esta tensão, mais de 1.600 policiais foram posicionados, novamente, ao redor do Parlamento nesta quinta-feira. O dispositivo equivale ao de uma partida de futebol de alto risco.
Neste contexto, Sánchez pediu à oposição na quarta-feira que fosse "responsável" e não utilizasse a situação para criar tensão nas ruas.
Sinal de que a maioria parlamentar heterogênea que apoiou a reeleição do socialista se demonstra instável, Mertxe Aizpurua, porta-voz do partido basco Bildu, alertou que o apoio de sua agremiação não é "um cheque em branco".
Nesta quinta, Feijóo afirmou, por sua vez, que "infelizmente, vamos ter um governo que vai ser prorrogado mês a mês e quem vai mandar no Governo de Espanha não é o presidente do Governo". (Agência AFP)