Javier Milei define primeiras medidas de governo na Argentina

Ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro falou por videoconferência com o ultraliberal argentino

Por Cruzeiro do Sul

Resultado de eleição na Argentina foi de 55% dos votos contra 44% de Massa

“Destruir” a inflação e privatizar: o ultraliberal Javier Milei, eleito presidente da Argentina com uma vitória contundente, começou ontem (20) a definir suas primeiras medidas de governo para enfrentar a crise econômica. Milei obteve 55% dos votos frente aos 44% do centrista peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia.

A inflação elevada, de mais de 140% ao ano, será uma longa luta que exigirá “entre 18 e 24 meses para destruí-la e levá-la aos níveis internacionais mais baixos”, disse ele em declarações a rádios. O primeiro passo será empreender uma forte reforma do Estado que incluirá privatizações, afirmou.

“Vamos começar primeiro pela reforma do Estado, colocar em caixa as contas públicas muito rapidamente”, acrescentou.

Milei será empossado na Presidência em 10 de dezembro para um mandato de quatro anos, uma cerimônia para a qual já convidou o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem Milei chamou de “corrupto” e “comunista”, não deve ir à posse, segundo uma fonte do governo brasileiro.

Frequentemente comparado com Bolsonaro e o ex-presidente americano Donald Trump por suas posições de extrema direita, Milei é contrário ao aborto, legalizado na Argentina em 2020, e nega que as mudanças climáticas sejam provocadas pelas atividades humanas.

Trump foi um dos primeiros líderes mundiais a cumprimentá-lo, na noite de domingo. “Estou muito orgulhoso de você. Você vai mudar por completo o teu país e vai fazer a Argentina voltar a ser grande”, escreveu em uma postagem.

Está pendente uma reunião com o presidente peronista de centro-esquerda, Alberto Fernández, para iniciar a transição governamental que ele espera “ser tão ordenada quanto possível”.

Desde 2003, a Argentina é governada pelo peronismo da atual vice-presidente e duas vezes presidente Cristina Kirchner, exceto pelo mandato do direitista Mauricio Macri (2015-2019). O presidente eleito anunciou que viajará em caráter privado aos Estados Unidos e a Israel.


Bolsonaro


Jair Bolsonaro conversou com Milei, por videoconferência, e aceitou seu convite para assistir à posse do novo governo. Bolsonaro parabenizou Milei pela vitória e se ofereceu para ajudá-lo, afirmando que o ultradireitista “representa muita coisa” para o Brasil.

“Você tem um trabalho muito grande pela frente (...) o trabalho vai para fora da Argentina. Você representa muito para nós democratas e amantes da liberdade”, disse emocionado o ex-presidente durante a chamada de vídeo, compartilhada em suas redes sociais e na qual também participou seu filho Eduardo.

Na videoconferência, o presidente eleito da Argentina agradeceu as palavras de Bolsonaro e o convidou, junto a seu filho Eduardo, para a posse. “Iremos”, respondeu Bolsonaro.

No domingo, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, desejou “boa sorte e êxito” ao novo governo argentino, em uma publicação no X (antigo Twitter) em que não menciona Milei.

“A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, escreveu Lula. (AFP e Estadão Conteúdo)