Oposição fala em participação histórica e acusa Maduro de dificultar votação

De acordo com projeções baseadas em relatos fiscais de mesa da oposição, a participação na eleição deve chegar a 54,8%

Por Da Redação com Estadão Conteúdo

A votação transcorreu em clima de calma e se encerrou às 19h

A campanha do candidato opositor à presidência da Venezuela, Edmundo González, disse neste domingo (28), que o índice de participação na eleição de hoje, deve chegar a 54,8%. O número é projetado com base nos relatos de fiscais de mesa da oposição com acesso às zonas de votação e, se confirmado, deve favorecer a chapa da Plataforma Unitária.

A votação transcorreu em clima de calma e se encerrou às 19h, mas há temores crescentes entre opositores, especialistas e alguns observadores eleitorais de que a ditadura de Nicolás Maduro tente fraudar o resultado da eleitoral. Quem ainda está na fila tem direito a votar, segundo a lei eleitoral.

Desde as primeiras horas da madrugada, venezuelanos fizeram filas para votar em diversos pontos do país. A oposição, no entanto, acusa o governo de dificultar o acesso dos eleitores em áreas onde o chavismo é impopular. Além disso, uma das chefes da campanha opositora, Delza Solorzano, também acusou o Conselho Nacional Eleitoral de vetar o acesso da Plataforma Unitária à sala de totalização dos votos.

Desde o fim de semana, Maduro tem impedido a entrada de observadores eleitorais convidados pela oposição para acompanhar a votação. Durante o domingo, o governo chavista divulgou pesquisas de boca de urna que dariam vantagem a Maduro sobre Gonzalez, mas a prática é vedada pela própria legislação eleitoral venezuelana. O Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo regime, ainda não forneceu estimativas de comparecimento.

As principais autoridades chavistas têm se mantido em silêncio ao longo do dia e alguns deles sofreram hostilidades ao comparecer a votar. Foi o que ocorreu com o governador de Miranda, Hector Rodríguez, e o ex-opositor Daniel Ceballos, que se aliou a Maduro e foi chamado de traidor. O próprio ditador optou por votar às 6h da manhã, em uma aparente tentativa de evitar vaias.

"Em todos os centros do país, estamos vendo um grande comparecimento e me sinto muito orgulhoso. Estamos realizando um sonho e uma luta pela liberdade", disse a líder opositora María Corina Machado, que foi impedida de concorrer nessas eleições, depois de votar em Caracas. "Isso é enorme e, se continuar assim, será uma figura histórica. É uma maravilha. É muito, muito bonito o que está acontecendo."

Mais de 21 milhões de pessoas estão habilitadas para votar em mais de 30 mil zonas de votação. No entanto, o regime dificultou o cadastro dos mais de 7 milhões de venezuelanos que emigraram na última década e estariam habilitados a votar, provavelmente na oposição.

(Com agências internacionais)