Um Dia das Mães diferente na pandemia

Não pretendo escrever este artigo com a tristeza do que vem acontecendo com a Humanidade. Mas, com a esperança em Deus de que tudo servirá de lição às nossas vidas daqui pra frente

Por Cruzeiro do Sul

Dia das Mães

Vanderlei Testa

Domingo, dia 9 de maio, o Dia das Mães será muito triste para milhares de filhos em todo o mundo. O abraço e o beijo carinhoso que estavam presentes nas emoções desse dia, ficarão no vazio da saudade e na visita ao jazigo da mãe que partiu pelo coranavírus. A flor que seria entregue na alegria da visita à casa da mãe, mudou de endereço. A pandemia de Covid-19 está avassaladora nas famílias. Destrói vidas e acaba com os laços de esposas, maridos e filhos. Não pretendo escrever este artigo com a tristeza do que vem acontecendo com a Humanidade. Mas, com a esperança em Deus de que tudo servirá de lição às nossas vidas daqui pra frente. Valorizar a mãe que está ao nosso lado.

Os filhos com suas mães vivas certamente poderão celebrar diferente esse dia dedicado a elas. A liberação do comércio, apesar de restrito, serviu às compras dos presentes. Mais que esse gesto material, com os devidos cuidados, haverá a presença física dos filhos na casa da mãe, como será o caso de nossa filha. O amor sobressai no abraço materno que abriga cada filho gerado no seu ventre. Não importa a idade de cada um dos seus “bebês” já crescidinhos. As mães ainda estão com o seu cordão umbilical ligado eternamente naqueles que foram gerados por elas. Caso da dona Rosemari Batista Sales Silva, mãe da Natálie e do Wainer. Ela é de Votorantim, trabalhou em escolas, na merenda, cuidadora de idosos e outros serviços. Ela ensinou aos filhos o valor do caráter e da moral com a sua conduta. Hoje com 56 anos, casada com o José Adilson, pedreiro como o filho, é um exemplo de mãe e amiga no bairro da Chave, onde mora.

Minha mãe, Carmela, viveu 93 anos e todos os seus filhos sempre foram aconchegados com as suas virtudes maternas de cada dia. Havia nela, a preocupação de fazer o doce, o bolo, a comidinha do gosto de cada um dos três filhos. O leitor Daniel Sartori tem na sua mãe Loriz Aparecida Sartori da Silva um amor incondicional que Deus cravou no seu no coração. São três irmãos, Renan, Dilson e Daniel, que vivem na casa da mãe saboreando as receitas culinárias da Loriz.

Penso nas mães que adotam bebês, meninos e meninas já com os seus primeiros anos de vida de crescimento físico. Quantos testemunhos maravilhosos de superação do sair de si mesmo, à entrega do amor materno a um desconhecido que se transforma em filho amado. Sei de muitos casos de adoção e admiro presenciar tamanha beleza materna. Jamais alguém poderia imaginar que essas crianças adotadas foram geradas em ventres diferentes. As mulheres abençoadas pela adoção são verdadeiras mães. Conheci uma mãe de cinco filhos, dois adotados, que cuida na sua casa de um sobrinho enfermo com o mesmo amor de um filho. Apesar de a doença exigir cuidados dia e noite, com trocas de fraldas geriátricas e tudo o mais que o seu corpo frágil sofre com a doença. A tia, com mais de 60 anos vive essa missão cristã com o amor de uma verdadeira mãe. O amor de mãe não tem limites.

Elvira Basile Dias foi uma mãe iluminada. Era vizinha da minha mãe. Sua vocação materna começou em 1943, em plena época da Segunda Guerra Mundial. Seus olhos brilharam ao se casar com Ozias de Oliveira Dias. O coração palpitante da jovem Elvira sonhava com o amado que no altar, de mãos dadas, fazia o juramento do sim para os momentos de alegria e enfermidades. Havia uma luz que irradiava amor eterno ao casal. A construção da família Dias, alicerçada em valores humanos, seguiu adiante ao estarem unidos no lar da rua Rodrigues Pacheco, na Vila Amélia. Ozias e Elvira durante sete anos permaneceram nessa casa até a aquisição, em 1951, da moradia própria na rua Francisco Glicério, 95, no bairro Além Ponte. Curiosamente, o Ozias que comercializava em horários livres, calendários de uso nas paredes, como costume desses tempos, viu o tempo passar nas “folhinhas” com a chegada dos filhos. Antonio “Tabajara” Dias, em 1944, Maria Inês Dias Souza em 1946, e Sandra Regina Dias em 1959.

A mamãe Elvira cuidou dos três filhos com a imensidão de sua ternura e cumplicidade do marido que a ajudava todos os dias na manutenção do lar e das crianças. Ozias como funcionário público municipal, na função de fiscal do comércio e diversões púbicas, se esmerava em proporcionar estudos às crianças e à proteção da família. Ele era tão presente e bondoso que cativava a vizinhança e amigos. Quando ia ao Cine Eldorado para cumprir a sua missão de fiscalização sempre levava o filho Tabajara, que aproveitava para assistir filmes. Hoje o filho se recorda do pai, que faleceu em 1979, com 74 anos de idade, afirmando que ele foi exemplo de companheirismo e retidão. A mãe Elvira fez o Tabajara e a irmã Sandra Regina voltar no tempo nesta semana de Dia das Mães. A saudade dos abraços, do colo, do carinho e intensa generosidade materna emocionam e enaltecem as recordações dos momentos que viveram juntos.

Também a lembrança da irmã Maria Inês, que partiu para a eternidade em 2016, sempre unida com os irmãos, a mãe e o pai, tocará os sentimentos de cada um da família neste dia das mães de 2021. Em oração, os irmãos agradecerão a Deus pelo dom da vida que receberam ao lado dela. Mesmo isolados pela pandemia, eles reviverão no silêncio do coração em suas casas, as alegrias dos almoços e encontros em família.

Do papai, Tabajara relembra que Sorocaba reverenciou em sua homenagem de cidadão emérito, uma rua Ozias de Oliveira Dias. Ozias foi um morador do bairro Além Ponte, expressivo em ajudar o próximo e congregar amizades com sua esposa Elvira. Hoje, eles seriam avós de oito netos.


Vanderlei Testa escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul. E-mail: artigovanderleitesta@gmail.com