A fisioterapia na prevenção de quedas em idosos
Artigo escrito por Ana Carolina de Ramos Campos e Mariane Costa
A expectativa de vida da população tem aumentado nas últimas décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, a população com mais de 60 anos corresponde a aproximadamente 11% da população geral.
No envelhecimento ocorrem alterações morfológicas e funcionais, como, por exemplo, perda de equilíbrio e alterações na massa muscular e óssea, consequentemente, o risco de quedas aumenta.
A queda em idosos é uma grande preocupação para os profissionais, sendo um problema de saúde pública devido à frequência em que ocorrem e de como pode afetar a qualidade de vida, já que uma queda leve pode ser um evento potencialmente perigoso para o idoso, podendo, em alguns casos, levar a fraturas, lesões cerebrais e ferimentos graves.
Além do dano físico, as quedas frequentes podem afetar também a saúde mental, o idoso pode passar a sentir “medo de cair”, o que vai torná-lo cada vez mais recluso.
As quedas em indivíduos idosos têm causas multifatoriais, podendo ocorrer por fatores internos, tais quais, alterações fisiológicas ou uso de fármacos; e externos, como fatores ambientais, degraus, ruas esburacadas ou ausência de corrimão.
Aproximadamente 30% dos indivíduos acima de 65 anos caem pelo menos uma vez ao ano e em 15% as quedas acontecem de forma recorrente. Segundos dados do Ministério da Saúde, os idosos de instituições apresentam três vezes mais chances de queda do que aqueles que vivem na comunidade.
Ou seja, quando se trata de idosos, o risco de queda é maior e isso pode levá-los à incapacidade e até mesmo à morte, diminuindo sua autonomia, sua contribuição social e até levá-lo à institucionalização.
Estudos têm mostrado a importância da prevenção e que é possível diminuir o número de quedas desses pacientes se eles forem acompanhados de forma correta por uma equipe multidisciplinar, contando com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, médicos e enfermeiros.
Um dos estudos foi realizado com idosos de 65 anos ou mais, de sete diferentes Estados do Brasil, que moravam em áreas que são atendidas por unidades básicas de saúde (UBS). Foi aplicado um questionário para saber se aqueles idosos já haviam tido episódios de quedas, se nas quedas houve alguma fratura, se eles eram pessoas sedentárias, tabagistas, qual era o grau de escolaridade, qual a situação conjugal e ocupacional.
O estudo teve como resultado que a prevalência de quedas em idosos ficou em 34%, sendo que 12,1% apresentaram fratura como consequência, a porcentagem maior de quedas é no sexo feminino, nos mais velhos, divorciados ou viúvos e com nível socioeconômico mais baixo. A prevalência de queda era associada à idade avançada, ao sedentarismo, ao número de medicações de uso contínuo e à autopercepção de saúde como sendo ruim.
A partir desse estudo é visível que existem fatores de risco que podem aumentar as chances de quedas, e quando esses fatores são avaliados, esse número pode ser reduzido, por essa razão a prevenção deve acontecer.
As medidas tomadas podem ser em relação à revisão dos medicamentos usados pelo idoso, modificações na residência, promoção da segurança dentro e fora do domicílio, além de poder ser necessária a prescrição de dispositivos de auxílio à marcha, como andadores ou bengalas, e até intervenções multidisciplinares, como a fisioterapia para treino de marcha, fortalecimento muscular, treinos de atividades de vida diária, treino de mudanças posturais e equilíbrio.
Ana Carolina de Ramos Campos e Mariane Costa são alunas do curso de Fisioterapia da Uniso. Orientação de Renata Puertas Enandes Bertozzo, fisioterapeuta e professora da Uniso (renata.ernandes@prof.uniso.br)