Não matemos a esperança

Artigo escrito por Mário Eugênio Saturno

Por Cruzeiro do Sul

Mário Eugênio Saturno.

Diziam meus professores, lá nos idos 1970, que se estuda História para que não se repitam os erros... Essa pandemia de Covid-19 mostrou que não se aprendeu nada com as pandemias anteriores nem com a própria. Haja vista que uma boa parte dos nossos políticos aceitarão que morram 800 mil brasileiros por essa doença evitável para manterem seu status quo, afinal, calar os touros de mente estreita (bull so narrow) é politicamente desgastante.

Embora não seja um artigo para tratar de “bull so narrow”, não há como não falar de apaixonados por políticos, seja da direita, seja da esquerda. Já que virou moda citar a Bíblia (algo próximo a tomar o nome de Deus em vão): maldito o homem que confia no homem!

Na última década, podemos nominar dois tipos de amor cego a políticos que proponho uma definição idêntica aos dicionaristas: Lulista ou Bolsonarista. Substantivo de dois gêneros. 1. Pessoa desprovida da capacidade de distinção entre o falso e o verdadeiro. 2. Pessoa fácil de enganar. 3. Pessoa que idolatra farsantes hipócritas de quinta categoria. 4. Falsos patriotas que prejudicam os verdadeiros patriotas e seu país. 5. Aquele que provoca dissensão e promove o ódio.

Dê uma olhada na internet e veja quantas pessoas de sua convivência pessoal não estão dispostas ao entendimento! Não interessa mais quem começou ou quem seja o mais agressivo, chegou a hora de retomar o País à racionalidade, olvidar a emotividade, o ódio. Temos que trabalhar para reconstruir essa nação que está matando cidadãos e empobrecendo milhões de brasileiros.

Em 6 de agosto de 2020, eu postava que em dois dias teríamos mais de 100.000 mortos e questionava o que estava acontecendo conosco? Os estultos do governo previram que morreriam 800 pessoas, previsão compartilhada por muitos néscios que ignoravam a história recentíssima, de menos de um mês, da Itália, da Espanha, do Reino Unido, dos Estados Unidos... Encerrava o pensamento perguntando o que seria preciso para acordar o gigante adormecido, chegar a 200.000 mortes? Pois é, estamos perto de 600 mil e a passividade ainda é grande, embora muitos reclamem, como se fosse suficiente.

Há lições para aprender: a primeira morte por Covid-19 ocorreu em 17 de março de 2020 e a média de 7 dias subiu até iniciar um platô, ou melhor, um planalto em torno de mil mortes diárias, iniciando no dia 25 de maio de 2020, com 954 mortes, e durou até dia 22 de agosto, quando atingiu 1.003 mortes. O descenso ocorreu até dia 10 de novembro, quanto se registrou 300 mortes. Então, os políticos, desesperados para ganhar a eleição, abandonaram as medidas sanitárias, mesmo assistindo o aumento de mortes na Itália, Espanha, Rússia, França e Reino Unido, entre tantos.

Novamente, tivemos uma nova escalada que ocorreu até dia 12 de abril de 2021, com 3.124 mortes, quando se iniciou nova queda que persiste. No dia 6 de agosto, marcou 900 mortes na média dos últimos sete dias. E a variante Delta não está fazendo ainda o dano que faz em outros países. Todo cuidado é pouco para manter a esperança de vitória definitiva, senão, os gráficos mostram o que acontecerá.

Mário Eugênio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e congregado mariano.