A força do voluntariado no enfrentamento da pandemia
Artigo escrito por Paula Melo e René Padovani
Celebrado anualmente em 28 de agosto, o Dia Nacional do Voluntariado homenageia mais de seis milhões de brasileiros que realizam algum tipo de trabalho voluntário no Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), relativos a 2019.
Com o surgimento da Covid-19 e o início da pandemia no Brasil, algumas ações de voluntariado, principalmente no ambiente hospitalar, precisaram se reinventar para continuar levando conforto ao próximo, e garantindo, também, a segurança destes anônimos que dedicam horas de seu tempo em benefício de pessoas que não conhecem.
Na Pró-Saúde, entidade filantrópica com atuação na gestão de serviços hospitalares em todo o País, o Programa de Voluntariado criado em 2016 manteve firme seus propósitos de construção coletiva do protagonismo social. Ao longo dos últimos anos, o projeto atraiu mais de 500 voluntários que atuaram em hospitais e creches.
Na prática da iniciativa, o voluntário pode atuar por até quatro horas semanais, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Durante a pandemia, a modalidade presencial precisou ser paralisada de acordo com as diretrizes sanitárias, porém cresceu o interesse na contribuição à distância. Segundo dados divulgados pela plataforma Atados, responsável por conectar voluntários a projetos, houve um aumento de 271,3% na procura pela atividade remota, em comparação com o mesmo período de 2019, apesar do isolamento social imposto pela pandemia.
Um ponto a ser observado é que ser voluntário requer dedicação e comprometimento, sendo um trabalho não remunerado e que difere de favores ao próximo. É um tempo voltado para atividades humanas e solidárias, e é regido por regras e normas para que seja realizado de forma responsável, com termos e legislação, garantindo a segurança tanto a quem é beneficiado pela ação quanto ao próprio voluntário. No Brasil, o trabalho voluntário é formalizado pela Lei n° 9.608, de 1998, que dispõe sobre esse tipo de serviço, além de ser reconhecida e celebrada pela Lei nº 7.352, que institui o Dia Nacional do Voluntariado.
Nos relatos coletados junto ao Programa de Voluntariado da Pró-Saúde, percebe-se que as atividades desenvolvidas permeiam a realização pessoal de proporcionar o bem ao outro, assim como no sentimento de pertencer a uma causa que objetiva a maior qualidade de vida ao próximo e, talvez, o mais importante, o voluntário se percebe seguro ao entender que exercer a atividade voluntária é estruturada e reconhecida.
Ao ingressar na atividade de voluntário em uma das unidades gerenciadas pela entidade, é possível escolher o segmento de interesse, que envolve desde animadores, apoio especializado, atenção religiosa, cuidados com a beleza e higiene, ações e campanhas, além de oficinas e interações musicais.
A atividade de palhaços animadores, por exemplo, se manteve atuante no ambiente virtual, levando alegria e leveza ao ambiente hospitalar. A ação, por meio do sorriso gerado, possibilita menor ansiedade do paciente, além da melhor aceitação aos procedimentos assistenciais e maior resposta aos tratamentos.
Já em outras atividades com origem na pandemia, voluntários que não possuíam meios digitais puderam auxiliar na confecção de máscaras, itens para as oficinas, brinquedos para as crianças atendidas nos hospitais. Em creches administradas pela Pró-Saúde na Zona Leste de São Paulo, os voluntários dedicaram-se a palestras na área educacional. Desse modo, a missão do voluntário permanece com o seu papel, adaptando-se aos novos rumos impostos pela Covid-19, sem perder o amor e renovando novas conexões com o outro.
Paula Melo
Relações Públicas e analista de Filantropia na Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar.
René Padovani
Psicólogo e coordenador de Filantropia na Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar.