O poder do abraço
Artigo escrito por João Alvarenga
Diz a sabedoria popular: “um abraço amolece corações empedernidos”. Para quem duvida, o episódio do Fórum Velho é um bom exemplo. Bastou este matutino estampar a bombástica manchete, no último dia 11, um sábado, dando conta de que o governo paulista pretendia passar à iniciativa privada aquele belo patrimônio, para que a classe artística se mobilizasse. Naquela mesma manhã, os artistas deram um abraço simbólico no seu entorno para gentilmente dizer NÃO à infeliz ideia. Os artistas temiam que fosse dado um destino totalmente adverso ao prédio, onde funcionava a Oficina Grande Otelo.
O temor se justifica, pois, naquele imponente casarão, de 1.500 m², em estilo neoclássico, localizado no coração da cidade (Praça Frei Baraúna), os jovens sorocabanos tinham acesso gratuito a diversas oficinas, além de projetos especiais, como “Terra Rasgada”, numa convivência harmoniosa entre os amantes da arte e da cultura. Assim que este matutino noticiou a venda, um sentimento de indignação tomou conta de todos, pois, desde 2014, aguardavam, ansiosamente, o restauro daquele local, além da imediata reativação das atividades. Detalhe: em 2012, a construção, inaugurada em 1946, foi tombada pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Arquitetônico; mas, está abandonada. O prédio apresenta visíveis sinais de desgaste: goteiras, trincas e rachaduras.
Naquela mesma semana, a Prefeitura entrou na história para tentar impedir que a venda fosse efetivada, pois com um valor inferior ao de mercado (R$ 1,7 milhão), seria facilmente arrematado. Dada à sua importância, tal custo, embora inacessível aos artistas, para os empresários não passava de dinheiro de coxinha (ainda que a construção faça parte da nossa história).
Resumo da ópera: Dória desistiu da venda e, sem custo, passou prédio à gestão atual, que se comprometeu não só restaurá-lo como recuperar sua antiga finalidade: produzir arte. Já que o prefeito Rodrigo Manga também abraçou a cultura, todos aguardam o prometido: a breve restauração do local.
João Alvarenga é professor de Redação e cronista.