Valorizar a inovação é uma causa social
A inovação deve ser vista como qualquer nova solução de problemas, onde usufruímos de diversas ferramentas para implementarmos tais soluções
David Souza
Quando falamos de inovação parece que o principal conceito envolvendo este tema está ligado apenas em “ser algo totalmente novo”. Entretanto, a inovação pode estar em qualquer lugar ao nosso redor, bastando, essencialmente, que seja algo diferente do que já existe. Antes mesmo do ser humano aparecer no mundo, as inovações já aconteciam na natureza. Com a nossa chegada, a capacidade de criar novidades aumentou de forma exponencial. Hoje, além desta capacidade ser gigantesca, considerando-se toda a população existente, o tempo decorrido entre uma novidade e outra é cada vez menor. O que a natureza levava milhares de anos para criar, hoje inovamos na casa dos dias, as vezes em horas.
É preciso ter em mente que toda evolução também está ligada ao ato de inovar. Podemos tomar como exemplo a evolução da roda. O que foi “inventado” em pedras, passou depois para madeiras brutas, que depois passou a ser mais bem trabalhado em metais e por fim, as rodas como conhecemos hoje em dia, com ligas e borracha. Hoje não percebemos mais isso, mas a cada momento houve inovação (nos materiais e nos processos). Com o tempo estas inovações são incorporadas à história, passando a integrar a evolução do sistema. Por isso, sempre digo que “toda inovação em si, tem data de validade”. Novamente, a grande diferença percebida entre as inovações do passado e as de hoje é o tempo. Se antes tínhamos 50 anos para achar a solução do problema, hoje temos 50 minutos.
Também acredito que a inovação não surge pela simples vontade de inovar. Ela sempre surge da necessidade de resolvermos algum problema, alguma demanda específica. É olhando para estes problemas que novas ideias surgem. Depois devemos ser capazes de transformar estas ideias em soluções viáveis, que possam de fato chegar ao mercado. Para mim, inovação é nota fiscal, senão, não passa de ideia inovadora. Esta capacidade de execução é o que separa o joio do trigo, pois no final, só conhecemos aquilo que de fato foi realizado. Milhares de ideias e iniciativa morrem pelo caminho.
Com base nesse conceito, a inovação deve ser vista como qualquer nova solução de problemas, onde usufruímos de diversas ferramentas para implementarmos tais soluções. São estas ferramentas que chamamos de tecnologias, independentemente de estarem ligadas às áreas de eletrônica ou de softwares. A tecnologia está presente tanto na startup de aplicativos de mobilidade quanto na indústria de martelos.
Quando nos propomos à criação de um ecossistema de empreendedorismo baseado em inovação tecnológica, temos que ter em mente que ideias inovadoras costumam surgir em ambientes adequados e propícios, que fomentem conexões efetivas e duradouras. Um ambiente atraente, mas não livre em demasia. Regrado e organizado, mas ainda flexível o suficiente para que as mudanças aconteçam. Não pode ser nem muito sólido, nem muito gasoso.
Para que esta estratégia funcione é preciso também ter um propósito muito claro: “Ajudar pessoas e empresas a evoluírem” que está muito alinhado com os valores e princípios dos nossos fundadores e de todos os nossos colaboradores. Este propósito nos orienta à integração total entre comunidade e mercado, focando nos pilares que acreditamos serem os motores desta evolução: conhecimento, comportamento, tecnologia e inovação.
Para que o ecossistema proposto tenha resultados positivos é preciso levar em consideração ainda o conceito do tripé da inovação, que consiste em alinhar a capacidade de uma ideia inovadora ser factível, viável e desejável pela sociedade. Todo projeto ou ideia devem ser analisados por este prisma, para que possamos checar o quanto ela foi pensada e desenvolvida em relação a estes três eixos. Esta análise demostra o real potencial de virar inovação. Todos que desejem criar ou investir em inovação e tecnologia devem buscar um equilíbrio dentro deste tripé. Desta forma, toda inovação deve devolver um valor positivo à sociedade, e por isso consideramos que valorizar corretamente a inovação não deixa de ser uma causa social.
David Souza e diretor vice-presidente da InovaNEX