Nos tempos dos barbeiros e cabeleireiros
Há temas que fazem parte da vida de qualquer ser humano, como cortar cabelo, não importa a idade
Vanderlei Testa
Motivado pela inspiração e repercussão dos artigos que publiquei das séries restaurantes e armazéns, pesquisei os barbeiros e cabeleireiros da infância dos leitores. Há temas que fazem parte da vida de qualquer ser humano. Cortar cabelo, não importa a idade, todos passam por essa atividade mensalmente. Na idade infantil nossos pais levavam aos salões de bairros onde os barbeiros tinham essa profissão passada de pai para filho.
Um dos exemplos que conheci e frequentei, foi o salão do Ivan, na avenida São Paulo. O Willian Hanickel contou dessa barbearia de João de Almeida (Zico) e seu filho Ivan de Almeida, em frente ao relógio do Rotary. Foram mais de 50 anos de trabalho.
Boa parte dos funcionários da Estamparia (Cianê) cortava cabelo e barba. Lembro-me dos empresários que ia ao salão: José Maria Alcoléa, Nico Montoro, Enio Montalto. E muito mais gente de Sorocaba passou pelas mãos hábeis deles. “E tenho a honra de ser sobrinho do Ivan de Almeida, pessoa ímpar, divertida, amigo. É só saudades nessa homenagem aos antigos barbeiros”, disse Willian.
Márcio Rodrigues recordou da sua infância: cortava o cabelo no salão do Oscar e Dito, que ficava na rua Aparecida, em frente ao posto São Paulo. Na adolescência e até hoje, Márcio diz que vai ao Vavá, do salão Irineu, na Vila Santana. Celso Mariano e João Carlos Damião são do tempo do salão do Joaquim barbeiro, na avenida São Paulo.
João Henrique Aguiar, filho do saudoso médico João Aguiar, era levado pelo pai para cortar o cabelo no salão do Antenor e do Claudinei, no prédio da Sociedade Médica de Sorocaba. O João Líbero tem ótima memória ao recordar o seu corte o cabelo.
O Nilson Harder tinha um salão na rua Hermelino Matarazzo, perto do cemitério da Saudade. “Além de excelente barbeiro, era um grande amigo e se casou com uma irmã adotiva minha, a Bina. Ambos já estão com Deus há anos. Saudades dos nossos jogos de dama de fim de tarde na barbearia, quando eu saia do trabalho e passava por lá. Jogo de dama, um aperitivo e uma cerveja para abrir o apetite para o jantar! Quem perdesse na dama pagava”, contou João Líbero.
O Antônio Eduardo Prado não se esquece do barbeiro “Caranguejo”. Era conhecido em seu salão na praça Cel. Fernando Prestes. O Silvio Rosa Martins tem lembrança do João barbeiro, da Vila Carvalho, na rua Luiz Gama. Douglas Cumpiam citou os barbeiros Emiliano e Miguel Zatto, irmãos que trabalhavam na rua Tereza Lopes. O José Duarte Júnior respondeu que ia ao salão do Miguel, bairro Vergueiro.
O radialista Vander Paiffer tem orgulho do seu pai, Joaquim, que cortava o seu cabelo. “É para não esquecer o carinho e afeto no trato com o pente e a tesoura na hora de aparar o meu cabelo”, diz Vander. “O cabeleireiro Sales da galeria Santa Clara tinha muita freguesia”, relata Marli Rodrigues, que levava os filhos Mariana e Felipe para cortar o cabelo.
A Maria de Lourdes Ribeiro, a Elza Helena e a Luciane Garcia enfatizaram o barbeiro Adão e a cabeleireira Edite que trabalhavam em um salão no começo da avenida Nogueira Padilha. Para o Silvio Klinguelfuss sua história foi no salão do Badu (Osvaldo Caos Caos). Isso há uns 40 anos.
O salão inicialmente ficava na rua da Penha. Silvio faz questão de elogiar o Badu como um dos melhores cabeleireiros de Sorocaba. “A molecada do Padilha fazia fila para cortar e lavar os cabelos com as moças que ajudavam o Badu”, enfatiza Silvio.
Pedro Ruiz tem ligação afetiva nas lembranças de ir na infância com o pai no salão de barbeiro. No seu caso, é o Oscar, barbeiro do Sorocaba Clube. Marcos Madureira citou o Vera’s. André Nunes destaca o avô Nunes cabeleireiro, o “doutor da Tesoura”. Ficava na rua Francisco Scarpa.
“Era de meu avô e de meus tios”, se orgulha o André. O Luiz Cláudio disse que cortava o cabelo com o Eli, no salão Su & Eli, na rua Hermelino Matarazzo. Carlos Richelieu citou que o seu tio Luiz Carlos Hingst, conhecido por Zito, foi barbeiro na avenida São Paulo há mais de 40 anos.
“Cortava os cabelo e barba dos moradores da Árvore Grande e era muito popular. Quando a pessoa não tinha dinheiro, ele fazia o serviço mesmo assim; atendia sempre os menos favorecidos. Ensinou os irmãos na profissão, apesar deles nunca terem seu salão, seguiram outros caminhos. Ele ensinou o ajudante Luizinho a ser barbeiro e hoje ocupa o seu lugar no salão na rua Delfim Moreira”.
Neusa Maria citou o salão da Terezinha, ao lado do Ginásio de Esportes. Nelson Matielli destacou o salão do Beda, na rua Campos Salles e o cabeleireiro José Menino, na Vila Hortência. O Sandro Castelhano me contou que cortava suas mechas com o barbeiro Doro, um nordestino muito simpático e alegre. Ele chamava os clientes de “moços”.
O salão ficava em frente à paróquia São José Operário. O Cléber Luiz Oliveira também se recorda quando era criança e seu pai o levava nesse salão decorado com fotos de carros de Fórmula 1. Paulo Sebastião Oliveira: “Meu barbeiro de infância chamava Darci, em Votorantim, bairro do Rio Acima. Era craque para o corte americano da molecada. Gente muito boa”.
A Jurema Sanches Casare se lembra de quando sua mãe a levava para cortar os cabelos na dona Clarinha, que era sua comadre. Na juventude, cortava no salão da Jonadir na avenida. São Paulo. Depois frequentou o salão da Marilza, na rua Fernão Salles, Vila Hortência.
O Geraldo Migliorini, barbeiro muito requisitado na Vila Santana é pai do empresário Odir Migliorini, que se orgulha de ter sua família formada pelo trabalho incansável do saudoso pai. O novelista Benedito Rui Barbosa corta o cabelo em Sorocaba com o cabeleireiro João dos Santos, da franquia Jaques e Janine. Eu também, há 10 anos! (Continua na próxima semana).
Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul