O poder sobre você e aquilo que atribuímos ao outro

Esses preconceitos são os grandes vilões e verdadeiros responsáveis pelo nosso sofrimento ou esgotamento, sensações e/ou sentimentos

Por Cruzeiro do Sul

Éric Diego Barioni.

Éric Diego Barioni

Algumas crenças certamente desafiam e podem limitar a nossa atuação e liberdade, satisfação em sala de aula e a própria prática da inovação. Veja: quem nunca atribuiu ao outro ou a uma turma a sensação de esgotamento fora do normal que sentiu após a aula? Quem nunca associou esse cansaço a um certo tipo de energia própria do outro ou daquela turma? Eu não estou aqui para discutir crenças, mas uma coisa é fato: certas turmas, diferentemente de outras, aparentemente, sugam a nossa energia, e existem alunos e professores que nos causam desconforto, são desafiadores.

Apesar de acreditar nas afirmações que lhe descrevi acima, por um longo período de tempo eu estive refém de um raciocínio que não me ajudava a compreender esse processo de uma forma mais prática e só incrementava e amadurecia em mim certos preconceitos. A prática da docência exige reflexões diárias. Indiretamente: pessoas, lugares, odores, sabores, cores, sons e, entre outras coisas, a nossa segurança e/ou insegurança, podem influenciar e/ou modificar o nosso comportamento, sentimentos e sensações diante do outro. Porém, isso é algo indireto e, por mais que seja difícil, essa influência pode ser suprimida e/ou totalmente bloqueada. Não existe influência ou poder direto do outro sobre você. Essa habilidade é exclusivamente sua e cabe a você permitir ou não essa influência indireta.

Esse tipo de sensação ou sentimentos gerados e atribuídos a algo é o resultado dos conceitos que pré-estabelecemos ao longo da vida sobre as coisas e pessoas; é o resultado obtido por meio de preconceitos que nos limitam e nos afastam da satisfação, da liberdade e da prática da inovação em sala de aula. O que na verdade eu quero dizer é que antes mesmo de uma turma, aluno ou professor lhe contaminar com a sua “energia negativa”, o seu inconsciente já interpretou certos padrões de comportamentos, cores, estilo de roupas, aparência física etc., fez várias associações, e o resultado disso são os nossos preconceitos e, subsequentemente, os sentimentos e sensações que são gerados a partir desses conceitos já pré-estabelecidos ao longo de nossa vida.

Esses preconceitos são os grandes vilões e verdadeiros responsáveis pelo nosso sofrimento ou esgotamento, sensações e/ou sentimentos. Como dito acima, a nossa confiança ou a ausência dela tem grande influência nesse processo e também pode ser influenciada por isso tudo, agravando a situação.

Reconhecer esses gatilhos e o peso de sua participação e responsabilidade no processo, lhe fará forte, confiante e livre para driblar certas situações, sensações e sentimentos.

Reconhecer esses gatilhos e o peso de sua participação e responsabilidade no processo lhe fará confiante para inovar em sala de aula e identificar maneiras de como melhorar e/ou otimizar as relações humanas, promovendo novas formas de trabalho e condução das turmas, o diálogo, a confiança e a satisfação em sala de aula.

Tais preconceitos que carregamos e criamos a todo momento, associados a uma forma de pensar que nos distancia muitas vezes da realidade, somente reforça a necessidade humana irracional e estrutural de atribuir poderes ou de culpar ao outro e não assumir que a vida -- a sua vida -- está sob o seu comando.

Éric Diego Barioni (eric.barioni@prof.uniso.br) é professor na Uniso, conselheiro e presidente da Comissão de Toxicologia no Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM-1)