Um brinde a vida exemplar do Roberto Ayres

O saudoso pai, avô, marido, amigo e delegado de Policia, Roberto Luiz Ayres, partiu rumo à sua jornada celeste no dia 25 de julho. A presença dos amigos com manifestações de carinho em mensagens para os três filhos, Mário Ayres, Marta Tereza e Roberto Maurício Ayres, foram emocionantes. A história de Roberto Luiz Ayres em Sorocaba daria para escrever muitos volumes de livros. A sua presença nestes 82 anos de vida significa mais de 35 mil dias. E cada dia, uma página escrita desde o seu nascimento. Durante o velório, conversei com os amigos do Roberto. Sérgio Coelho de Oliveira era seu compadre e amigo da família há décadas. A diferença de idade entre eles é de dois anos e, por isso, passam de setenta os anos de convivência. Vi a emoção da Sônia, esposa do Sérgio e, dele, como amigo. Sérgio Coelho, presidente do Centro de Estudos Históricos Caminhos das Tropas (Cehicat) manifestou a sua despedida ao vice-presidente da entidade, Roberto Luiz Ayres: “Há alguns meses, por ocasião da preparação da assembleia de eleição da nova diretoria do Cehicat, mandei consultar o Roberto se ele queria permanecer no cargo. Ele quis continuar, porque era sua vontade trabalhar pela entidade”.

“Roberto tinha orgulho de ser filho do tropeiro e boiadeiro Mitre Ayres, esteve engajado desde 2014, quando começou a germinar a ideia desse grupo tropeiro. E iniciou arregaçando as mangas. Posso dizer que com ele e com o médico Francisco Carlos de Andrade, o Netinho, fizemos a primeira viagem para o resgate de uma peça tropeira -- foi uma cangalha, numa fazenda em Avaré.

Anos depois, quando o Cehicat já estava instalado em sua sede, ele inaugurou a galeria dos tropeiros da região, patrocinando a entronização de uma foto do seu pai na nossa galeria. Batizando a minha filha Sônia Regina, Roberto tornou-se meu compadre. Mas já era amigo e colega, estudamos juntos no Estadão, trabalhamos na antiga Folha Popular -- eu redator e ele repórter esportivo -- e sempre fomos grandes amigos. Quando fui secretário de Serviços Públicos do prefeito Armando Pannunzio (segundo mandato), ele foi o nosso grande colaborador no projeto e na instalação dos calçadões da rua doutor Braguinha e da rua Barão de Tatuí. Foi também de grande valia a sua participação na transferência da coleta de lixo para o período noturno, na zona central. ‘Roberto, merece o nosso reconhecimento, a nossa homenagem’”, disse Sérgio.

Paulo Walter Leme dos Santos, Sérgio Reze, Carlos Alberto, Américo de Carvalho, Ivo Gambaro e o irmão Reynaldo Ayres enalteceram o ser humano Roberto Luiz Ayres, suas virtudes e humanismo social cristão. Roberto foi um católico atuante na paróquia Nossa Senhora de Fátima e, como membro ativo dos Amigos de São Bento, no projeto de restauração do histórico mosteiro beneditino. Um líder no Movimento de Cursilhos de Cristandade. Incentivou jovens casais em início de matrimônio com a sua saudosa esposa Ilka, em Encontros de Casais com Cristo. Foi membro do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Dom Rocco, monge do mosteiro de São Bento de Sorocaba, fez as orações das exéquias e também enalteceu a pessoa e a dignidade do Roberto Ayres. Ele era um participante das missas no mosteiro, fato que testemunhei muitas vezes essa presença de fé e devoção a São Bento. Também, o time do São Bento recebeu todo o seu apoio de torcedor. Na entrada do velório, uma camisa do São Paulo Futebol Clube, esticada em um pedestal, simbolizava a homenagem dos filhos ao pai são-paulino. Roberto Luiz Ayres gostava de cavalos. A sua família tinha uma chácara. Foi lá que ele cresceu, junto ao pai, Mitre, em meio aos cavalos de raça, ensinando os seus filhos a cavalgarem. O filho Mário Ayres, nunca deixou esse hobby de infância.

Roberto Luiz Ayres recebeu o título de Cidadão Sorocabano na Câmara Municipal e foi homenageado inúmeras vezes pela Polícia Civil do Estado de São Paulo e Rotary Clube. Fiel aos seus hábitos pessoais, ele cortava o cabelo desde mocinho, antes de ingressar na Faculdade de Direito, na barbearia do Everaldo. Até recentemente, mantinha a mesma frequência de mais de 60 anos no mesmo barbeiro. Roberto foi tema de muitas reportagens da sua história de vida registrada pelo jornal Cruzeiro do Sul e citado por historiadores de Sorocaba, contou o filho Roberto Maurício Ayres.

Vá em paz, amigo! Um brinde a você, Roberto, que deixou saudades e um brilho de amor nas pessoas que o conheceram sempre alegre.

Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul