Os 100 anos do rádio no Brasil
Luizinho Rodrigues, Douglas Valle e Fernando Negrão Duarte, juntamente com uma equipe do Laboratório de Comunicação, foram ousados nas mais de 50 gravações das histórias do rádio
Participei, nos anos 80, como repórter da rádio Metropolitana, de entrevistas no “Radar nas Empresas”. Outra experiência nos microfones aconteceu na rádio Super FM, em um programa noturno. O radinho de pilha, comprado na minha infância pelos meus pais, era a maior novidade. Causava espanto ter nas mãos o som das rádios. Cedinho, ouvia locutores, como o “Nhô Juca”. Sua animação agradava milhares de pessoas e o tornava um ídolo do rádio. Lembro-me, da motocicleta que ele dirigia pela cidade. Curiosamente, eu estava em um posto lava-rápido e o senhor José Campanini me contou: “Tenho na minha casa a moto 150 cilindradas do Nhô Juca”.
A Universidade de Sorocaba lançou um projeto para relembrar os “100 anos de rádio no Brasil”. Luizinho Rodrigues, Douglas Valle e Fernando Negrão Duarte, juntamente com uma equipe do Laboratório de Comunicação, foram ousados nas mais de 50 gravações das histórias do rádio.
Com 89 anos de idade, Pedro Teodoro Galli é um dos radialistas ícones de Sorocaba frente aos microfones e nas promoções comerciais que movimentaram a cidade. Em 1955, foi chamado pelo Roque Jacinto, da Rádio Clube, para assumir um programa às 23 horas. Um desafio enfrentado que o levou a ter o seu próprio horário de sucesso: “A hora do despertador”. Um relógio despertador e, muita animação do Pedro, tirava as pessoas da cama. Depois veio um novo programa com a parceria de textos do Ulderico Amêndola, grande nome do rádio teatro. “Vamos acertar o galo”, foi incrível na história da programação da rádio PRD7.
Em 1986, após se aposentar como funcionário público, Pedro Galli assumiu também a direção comercial da emissora. Os anunciantes divulgavam os produtos em teatrinhos falados na rádio. Pedro Galli destacou no depoimento o programa “Gurilândia”. A partir de 10 anos de idade, os cantores e cantoras se apresentavam aos domingos, no auditório da rádio Clube. Jovens artistas e cantores foram revelados. Outro programa, comandado pelo Pedro, foi “Futebol e Samba”. Notícias e músicas atraiam durante duas horas à audiência da rádio. Pedro contou que havia a participação do saudoso Jurandir Mateus, com chamadas de “bola fora, na trave e o gol”. O criativo radialista Luiz Freitas Júnior foi destacado por Galli como um dos pioneiros da rádio em Sorocaba.
Durante a permanência de Pedro Galli na rádio Clube, Gastão de Lima Neto, diretor da emissora, negociou a mudança do nome para rádio Boa Nova e, posteriormente, rádio CBN, especializada em notícias. Convidado por amigos, Pedro Galli foi parar na rádio Manchester. Ajudou a montar a emissora e ficou até ela ser vendida.
O menino Pedro Galli sonhou em trabalhar em rádio e, concretizou com mérito essa jornada. Foi no antigo Cine São José, com o teatro musical “Lamparina” a sua primeira atuação. Hoje, a caminho dos 90 anos de vida, Pedro se diz uma pessoa feliz e realizada no rádio.
Urbano Martins é um radialista com 30 anos de atividades na Rádio Ipanema e Jovem Pan. O seu depoimento foi repleto de testemunhos da história do rádio em Sorocaba. Como ex-coordenador de jornalismo da emissora, destacou o saudoso radialista José Roberto Ercolim. Urbano é especialista em reportagens policiais. O seu desempenho em peças teatrais, na juventude, o talhou para interpretar papéis na locução policial em frente ao microfone, como faz no jargão “olho vivo”.
André Fazano, da rádio Cruzeiro FM 92.3, tem muitas histórias para contar. Ele brincava narrando jogos de futebol. Desde garoto queria estudar jornalismo. Um dia em que entrou no estúdio de rádio na Uniso ficou apaixonado por essa profissão. Em 2005, iniciou com o radialista Hidalgo Neto na rádio Super FM. Já são 13 anos de rádio Cruzeiro FM. Começou nos esportes e depois no jornalismo. A notícia divulgada na hora em que acontece o fato fascina o André todos os dias.
As declarações do Décio Clementino na história dos 100 anos de rádio são empolgantes pelo seu jeito simples de contar. Ele relatou os passos da sua caminhada até chegar ao rádio. Décio trabalhou como funcionário na área de autópsia da Faculdade de Medicina e como cuidador de idosos. Nesse caso, foi cuidador do Landico Bismara, dono da rádio Cacique. A sua chance de ser locutor surgiu substituindo o radialista Avalone Neto, na madrugada da rádio Cacique. O sucesso do Décio permanece até hoje, sendo uma pessoa conhecida e admirada pelo seu carisma de comunicador.
Acesse as 50 histórias completas no canal da Uniso no Youtube.
Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul