Uma solução para o congestionamento das cidades
Ainda temos outros problemas, como condutores que não sinalizam nas mudanças de faixa ou direção (...) não respeitam preferencial etc.
Viver em uma grande cidade tem muitas vantagens: mais oportunidades de empregos, economia diversificada, hospitais, escolas, parques, museus, bibliotecas, teatros, cinemas, galerias de arte, restaurantes, festivais etc. Mas, também tem grandes problemas, como muitos veículos, congestionamentos, atrasos, poluição do ar e sonora, superlotação no transporte público, criminalidade...
Entre tantos problemas, parece que o mais simples de resolver é o do congestionamento e os seus derivados, como a poluição do ar. Tecnologias existentes -- GPS, por exemplo -- e aplicativos como Waze e Here já alertam sobre os congestionamentos, os acidentes, as obras nas pistas e indicam rotas alternativas.
Um grande problema é o mau motorista. Aquele que trafega lentamente na pista da esquerda, que não facilita a ultrapassagem nem a entrada de veículos vindos das pistas secundárias, ou fica muito próximo do carro da frente, causa acidentes etc. Todos esses problemas são solucionáveis com placas sinalizadoras que orientem a manter distância do carro da frente, facilitar a entrada de outros veículos na pista, além de utilizar a faixa da esquerda para ultrapassagens. Temos até câmeras que fiscalizam e multam!
Ainda temos outros problemas, como condutores que não sinalizam nas mudanças de faixa ou direção, buzinam excessivamente, trafegam pelo acostamento, não respeitam preferencial etc. Porém, nada que um sistema de fiscalização por câmeras e multas não corrija.
Muitas cidades adotam o rodízio como solução para o congestionamento. É alternativa que prejudica a maioria, ou seja, todos os que não possuem mais de um veículo e com placas de finais diferentes.
Uma alternativa simples é aproveitar o fato de que, mesmo quem possui um único veículo dispõe de um celular com GPS. Só falta as administrações das cidades adotarem aplicativos para controlar o acesso às vias que geralmente congestionam, oferecendo vagas para trafegar aí por horário delimitado. Ou seja, sem o aplicativo não pode trafegar por determinadas cias.
O aplicativo pode, facilmente, calcular a chegada do veículo às vias, indicando a velocidade que o motorista deve seguir para tornar previsível o fluxo de veículos. Em caso de acidente, o aplicativo pode reorganizar as liberações para acesso à via, transferindo o congestionamento da via para uma fila de espera, sem queima de combustível e perda de tempo inútil no tráfego. Seria um “congestionamento virtual”. Paralelamente, câmeras leitoras de placas podem fiscalizar e acionar a polícia para os reincidentes.
Abre-se, ainda, a possibilidade de se cobrar pedágio em horários diversos. O aplicativo pode ser integrado, para indicar exatamente qual trecho da via o cliente está utilizando. Para universalizar e facilitar o uso, o aplicativo pode ser desenvolvido por um conjunto de cidades.
O aplicativo ainda pode priorizar o transporte coletivo e carros de passageiros -- táxi, Uber etc. Afinal, estes contribuem para se ter menos carros procurando vagas para estacionar.
Sem dúvida, melhorar o transporte público é essencial para o sucesso na resolução do congestionamento de vias. A tecnologia já existe, necessitando apensas a tal vontade e um grupo de políticos que saiba somar e multiplicar.
Mário Eugênio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e congregado mariano