Importância da família no letramento dos filhos

Faz-se necessário o envolvimento dos pais para o estímulo aos filhos e à promoção de oportunidades diversas para que a aprendizagem ocorra

Por Cruzeiro do Sul

Catarina Hand

 

O conceito de letramento tem sido objeto de discussão entre os pesquisadores, no entanto, para nossa reflexão no momento, consideraremos que letramento é o desenvolvimento do uso competente da leitura e da escrita, tanto nas práticas sociais como no uso individual.

Sendo a leitura e a escrita uma base de sustentação para o sucesso do desenvolvimento do indivíduo, não somente na vida acadêmica, mas, sobretudo, no exercício do seu envolvimento com a sociedade, torna-se cada vez mais evidente a importância da qualidade da aquisição dessas competências, ainda em idade precoce. O desenvolvimento do letramento inicia-se muito antes do período de ingresso da criança na educação formal e, mesmo após o ingresso na pré-escola, não pode ser objeto exclusivo do trabalho escolar, sendo crucial o envolvimento dos pais e/ou demais familiares para o sucesso do desempenho das crianças ao longo da vida. Ou seja, crianças que desenvolvem a competência de letramento, com qualidade, em idade precoce, tendem a ser leitores e escritores com melhores desempenhos na fase adulta.

Não podendo ser diferente, essa competência deverá ser adquirida no contexto familiar, além da pré-escola. É na convivência diária com os já letrados que as crianças entram em contato com a leitura e com a escrita; quando lhe são oferecidas oportunidades para que se familiarizem com o mundo letrado e percebam a importância da linguagem no contexto familiar e social.

No entanto, não podemos deixar que tais oportunidades surjam espontaneamente. Faz-se necessário o envolvimento dos pais para o estímulo aos filhos e à promoção de oportunidades diversas para que a aprendizagem ocorra: primeiro espera-se que os pais se envolvam, efetivamente, nas atividades da escola, complementando as ações indicadas pelos professores e interagindo com a escola, de forma que não haja lacuna nessa interação. Há também a necessidade, imprescindível, que a criança tenha fácil acesso a recursos culturais, como livros em casa, participação em eventos como teatros, competições esportivas, reuniões familiares etc. As crianças precisam participar, ativamente, em diferentes situações sociais, dando-lhes a oportunidade de se comunicar efetivamente. Segundo Piaget (epistemólogo suíço), a criança é uma participante ativa na construção do seu conhecimento e da sua aprendizagem, muito precocemente.

É recomendado, também, que os pais e/os outros familiares façam atividades de leitura de livros, em conjunto, com a criança. A leitura de livros, e não a contação oral de histórias, enriquece o vocabulário dos pequenos, pois os termos utilizados deixam de ser os mesmos que eles ouvem diariamente. Soma-se a esse ato o fato de a criança estar obtendo a atenção dos pais, ganhando não somente na aprendizagem como na confiança emocional (os pais estão demonstrando que a leitura é importante).

Recursos de alfabetização como procurar letras diferentes no texto, explicação do significado de determinadas palavras, possibilitar que a criança passe o dedinho nas palavras, conforme se estabelece a leitura, são ações úteis para a aprendizagem. Ensinar a criança a escrever o próprio nome, bem como brincar de bingo de letras, também são recursos favoráveis à alfabetização.

Por fim, não podemos deixar de evidenciar o quanto os pais são modelos de comportamento para os filhos. Pais leitores demonstram aos filhos a importância do letramento. O exemplo se dá quando os pais usam a leitura e a escrita no seu cotidiano, como fazer lista de compras, ler livros e jornais, bulas de remédio... Somente pais que alcançaram um bom nível de letramento conseguem demonstrar tal prazer aos filhos.

Catarina Hand, mestra em Educação, professora nos cursos de licenciaturas da Uniso e coordenadora institucional do Pibid na Uniso (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). (catarina.hand@prof.uniso.br)