A Igreja Católica perde fiéis!
Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber e dar
A Igreja Católica tem perdido fiéis, vê crescer o número de pessoas que se declaram ateias e percebe que a fé em Cristo tem se tornado cada vez menos relevante para a sociedade e para a cultural atual. Como responder a esse desafio?
Para tentar dar uma resposta, gostaria que você refletisse: você se tornou cristão de uma hora para outra? Ou percebe que o “tornar-se cristão” é um processo que ainda está se realizando? Para “nascer do alto” foi preciso um itinerário feito de várias etapas. Esse caminho é formado por diversos elementos: o anúncio da Palavra de Deus, o acolhimento do Evangelho, a conversão pessoal, a profissão de fé, o batismo, a confirmação e a eucaristia.
Além disso, para se tornar cristão muitos outros colaboram: os pais que apresentaram os filhos para o batismo, que lhes ensinaram os primeiros rudimentos da fé e os levaram à missa dominical; os catequistas da primeira comunhão e da confirmação; os padres; e os outros fiéis que rezam pelo iniciante e dão bom testemunho de Jesus Cristo. Todas esses introduzem uma pessoa no “ser cristão”.
Dito de modo mais pessoal: eu não nasci cristão! Eu me torno cristão todos os dias. Além disso, não me torno cristão sozinho. Eu me torno cristão ao ser introduzido na comunidade dos filhos de Deus, ao receber da Igreja a fé que é professada, celebrada e vivida. Enfim, me torno cristão ao receber a vida cristã que me é transmitida pela Palavra de Deus, pelos sacramentos e pelo testemunho vivo dos fiéis cristãos.
Todo esse processo tem um nome: “iniciação à vida cristã”. No contexto cristão, a iniciação consiste no processo de admitir uma pessoa como membro da comunidade eclesial e torná-la idônea para viver como cristã e de celebrar da Sagrada Liturgia. Trata-se, portanto, de um processo em que uma pessoa se torna realmente cristã.
Iniciação à vida cristã é uma ação continuada e prolongada no tempo e consiste em várias ações -- anúncio e catequese, diálogo, serviço, presença, testemunho e vida sacramental -- que apresentam unidade e coerência entre si em vista de um fim que é o de formar um discípulo de Jesus Cristo. Não se limita à transmissão de ideias, ao ensino de um código de ética e de doutrinas. Tudo isso não deve ser deixado de lado na iniciação à vida cristã, mas é preciso ir muito além. Trata-se de uma transmissão vital da sabedoria e da identidade cristãs e da geração de um novo ser em Cristo.
Os cursos de preparação são importantes na medida em que ajudam as pessoas a se encontrarem com Jesus Cristo, a partilharem a experiência cristã do mistério, a adquirirem a capacidade de celebrar atenta, consciente e frutuosamente o mistério cristão. O objetivo da iniciação é o de apresentar o que é precioso e dá sentido à nossa vida: Deus nos deu algo muito bom, e, através da iniciação cristã, queremos partilhar essa dádiva com outras pessoas.
De fato, “ser cristão não é um peso, mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo. A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber e dar; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp, 29)
Dom Julio Endi Akamine é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba