Aurora Boreal, gastronomia e vinho

A pedra "Aurora Boreal", translúcida, com mais de 10 metros quadrados de área, é um "colírio" para os olhos

Por Cruzeiro do Sul

 

Os segredos da natureza com as maravilhas da terra, que frutifica as espécies da alimentação humana, são parte da mesa de cada habitante do planeta. Na gastronomia, cada vez mais ousada pelas mãos dos chefes cozinheiros, pratos são montados como obras de arte em cores e variedades de ingredientes. Acompanhei a chefe de cozinha Eliane Sampaio e a sommelier Natália Macluf, na apresentação de um desses pratos e explicação dos vinhos servidos aos arquitetos, Márcia Leitão e Ricardo Bandeira, em uma empresa de pedras especiais retiradas de jazidas europeias e de países tradicionais nesse segmento. A pedra “Aurora Boreal”, translúcida, com mais de 10 metros quadrados de área, é um “colírio” para os olhos, com as suas cores esverdeadas brilhantes.

Eliane Sampaio, com a vitalidade de já ter preparado centenas de pratos incríveis, comentou que nasceu em Sorocaba, e que o seu dom de cozinhar despertou quando completou 28 anos de idade. Sempre apreciou a sua avó Emília, descendente de espanhóis e alemães, e sua mãe Nair, no fogão, preparando polenta na panela de ferro. Entre as suas lembranças, a massa nogade, preparada unindo as pontas e fritando, para ser servida com chá de canela e açúcar, é uma delícia. “Comecei com um bistrô, no bairro Mangal, em Sorocaba -- depois, acabei seguindo a carreira solo na gastronomia diferenciada”, observa.

“Cozinhar para mim é um ato de amor”, diz Eliane. “Fisicamente, pode cansar; mas, mentalmente, deixa-me completamente relaxada”, acrescenta, sorrindo. “Posso estar estressada; mas, ao entrar na cozinha, some tudo e sinto-me realizada”, destaca. “Sou, também, artista plástica, em pinturas e mosaicos, e uso essa habilidade, ao inserir, nos meus pratos, detalhes de pétalas de flores e brotos diversos que embelezam, e podem ser consumidas. Gosto de cozinhar nas casas das pessoas, em almoços e jantares para pequenos grupos de amigos que se reúnem.” Com 56 anos de idade, Eliane está conquistando o seu espaço no empreendedorismo da culinária sorocabana.

Natália Macluf é especialista em vinhos, tendo iniciado os estudos nessa área a partir de 2011. Ela nasceu em Capivari, cidade da região metropolitana de Sorocaba. Como seu pai, Jorge Mateus, era gerente de Banco, ela mudava muito de cidade até que -- um dia - Sorocaba ficou definitivamente na sua vida. Desde que se diplomou pela Associação Brasileira de Sommelier (ABS), em São Paulo, e, em hotelaria, pela Universidade de Sorocaba, ficou fascinada pelo estudo dos vinhos. Sobre o segredo para saborear um vinho, Natália suspira e diz, com convicção, que a pessoa precisa gostar de degustar, estar em boa companhia para apreciar a bebida ou, então, unir a gastronomia com o sabor das uvas de um bom vinho e, se puder, com um queijo.

O Brasil ainda não tem uma cultura definida em vinho, motivo pelo qual, infelizmente, há pouco consumo nas casas e restaurantes. Natália acredita que, no devido tempo, haverá maior consumo de vinho, como já vem acontecendo nos eventos sociais, substituindo a cerveja e os destilados. Perguntei à especialista, o porquê dos consumidores passarem com os seus carrinhos de compra, nos supermercados, na área de adega, e ficarem olhando os rótulos, com dúvidas sobre qual o vinho ideal para o consumo. No seu entender, faltam profissionais sommelier, nesses locais, para orientar os clientes.

Afinal, o preço da garrafa de vinho influencia a qualidade do vinho ou a marca? Essa dúvida ronda a mente dos consumidores. Natália disse que não gosta de falar de preços; mas, é contrária à tese de que quanto mais cara é a garrafa, melhor é o produto. Também é avessa à ideia de que menor preço significa não ter qualidade. “Há vinhos europeus, nos supermercados, de R$ 30,00, com selos de mais vendidos em seus países, como a Espanha. No fundo, é uma jogada de marketing das importadoras, e não condiz com a origem da uva e do sabor do vinho ser qualificado como o mais vendido.”

A última dica de Natália: devemos respeitar o nosso paladar. Ou seja, vinhos tinto ou doce, por exemplo, têm de ótima qualidade das vinícolas brasileiras. Como apreciador, acredito que é importante saber escolher o tipo da uva com qualidade a partir da sua origem, como é o caso do vinho que Natália serviu para degustação no jantar com o rótulo de uma vinícola de Bento Gonçalves, mas engarrafado por um empresário de Sorocaba, que acolheu os visitantes na escolha da pedra para uso no Monumento do Centenário da Arquidiocese de Sorocaba.

Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) é jornalista e publicitário; escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul