Essa barriga não é sua!

Por Cruzeiro do Sul

 

Um dos apelos mais frequentes entre os seres humanos é a estética corporal. Há, em todas as classes sociais e pessoas de qualquer país ou etnia, um olhar atento à aparência física. Uma frase que ouvi esta semana, em um filme na TV, motivou este artigo: “Não olhe só para a aparência, mas à essência da pessoa com quem você convive”. Para completar a inspiração deste tema, no dia seguinte ao filme, um amigo me contou que sua esposa lhe falou: “Essa barriga não é sua!”. Edson é o nome do marido.

Depois de ter vivido 47 anos com o peso ideal para a sua estatura, a perda repentina do emprego levou Edson a consumir mais alimentos processados e refrigerantes. Antes do desemprego, praticava esportes, frequentava academia e mantinha a boa forma. Assim, em três meses, a consequência do estresse, aliado a uma dieta desregulada, resultou-lhe na tal barriga indesejada.

Nesses últimos noventa dias, foi alertado pela esposa que estava engordando, ganhando gordura desnecessária ao corpo e, assim, perdendo roupas, pois usava tamanho P e, agora, estava a caminho da numeração GG. Desse modo, surgiram mais despesas imprevistas com a vestimenta apertada. No entanto, a solução, antes nunca pensada, de frequentar brechós e bazares da sua paróquia, para comprar, por R$ 5,00, uma seminova camiseta ou calça de jeans, mudou a rotina do Edson, que deixou de frequentar lojas de shopping.

Porém, um ato mexeu, para valer, com o orgulho e a vaidade do desempregado mecânico de automóveis, apelidado de “Edinho”, graças à semelhança com o filho do Rei Pelé. Foi, numa manhã de segunda-feira, às 7h, ainda deitado na cama, ao ouvir da esposa Marilena: “Essa barriga não é sua!” Esse alerta tocou a sua autoestima. Edson se lembra de que a esposa deu-lhe um tapinha na barriga e, sorrindo, disse: “Volte a ser você, sem esse depósito de gordura”. O comentário foi certeiro, pois Edson decidiu dar a volta por cima. “Prometi mudar os hábitos alimentares e voltar a praticar caminhadas”, citou, na entrevista, prometendo emagrecer em 2024.

Conversei com o empresário Daniel Caramanti, para encerrar este artigo. É um testemunho que ajudará muitos leitores a repensar a sua saúde. Diferente das outras histórias que relatei, Daniel me contou que a sua esposa fez a cirurgia bariátrica, em 2002, com sucesso no procedimento. Em seu caso, a decisão aconteceu, em 2013; em abril, completará 11 anos que foi submetido a essa intervenção cirúrgica. Ele tinha pressão alta, colesterol; enfim, uma vida desorganizada em cuidados com a saúde e alimentação.

Segundo Daniel, o problema se agravou, quando a diabete começou a se manifestar. Os números dos exames de glicemia eram alterados a cada exame, de 80 para mais de 120, 140, com riscos de transformação, por essa doença silenciosa, com riscos de perdas significativas para o corpo, como amputação, cegueira ou consequência renal. “Chega um ponto que somos incapazes, sozinhos, de controlar o peso; mas, emagrecer não é difícil. O difícil é manter-se magro. Por isso, valeu a pena fazer à bariátrica”, salienta.

“Eu pesava, na época, 165 quilos”. Com isso, até para amarrar o sapato era complicado, pelo excesso de peso. “Tenho, hoje, me mantido com uns 115 quilos. Viajo muito a trabalho e, assim, comer fora, em restaurantes, é um grande desafio. Então, preciso tomar cuidado, pois escolher alimentos errados, leva ao excesso calórico, doces e guloseimas”, observa. Daniel disse que procura se alimentar bem, mas sem excessos.

Mas, qual o segredo para manter esse rígido controle? Daniel destaca: “Na verdade, operamos o estômago e não a cabeça”. Há muitos relatos de pessoas que fazem a cirurgia bariátrica e voltam a engordar. Muitos transferem a redução da comida, por ter ansiedade, para outras compulsões piores, como o alcoolismo. “Não de deve cair nessa tentação de substituir uma coisa por outra pior ainda, no caso, a comida pela bebida”, enfatizou Daniel.

“O exercício físico foi o meu grande aliado. Comecei a praticar corrida de rua, e foi o meu auge de emagrecimento e de ganhar amigos. Agora, com problemas de coluna, pratico o ciclismo atualmente”. Daniel disse que tem total apoio da esposa na busca pela qualidade de vida. Para quem deseja emagrecer, Daniel dá a dica: “O segredo é não engordar, pois a medicina já trata a obesidade como doença”, explica. “Se você quer emagrecer, faça a cirurgia, é totalmente segura e controlada pela medicina. Além disso, após a cirurgia, é importante fazer atividades físicas regulares, para ter uma vida saudável e longeva”.

Vanderlei Testa (artigosvanderleitesta@gmail.com) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul