Como se faz um padre? (2ª parte)
A última etapa da formação inicial é a da Síntese Vocacional. Depois de concluir com êxito as etapas anteriores (Convívio Vocacional, Propedêutico, Discipulado e Configuração), o seminarista é enviado a uma paróquia para morar com o pároco e ajudá-lo em seus trabalhos pastorais. Trata-se de um ano de intensa atuação pastoral na paróquia a ele assinalada. Objetivo desse ano pastoral é dar oportunidade ao seminarista, antes de receber o diaconado, de realizar uma síntese vocacional e pessoal entre os estudos e a ação pastoral, entre a vida de oração e o apostolado, entre o que recebeu na formação inicial com a prática da caridade pastoral. Além de morar em uma paróquia, o seminarista faz estágios nos diversos organismos da Arquidiocese de Sorocaba: a cúria metropolitana, o tribunal eclesiástico, a Santa Casa de Misericórdia, a Caritas Arquidiocesana. Como se pode notar essa etapa está orientada para a “inserção na vida pastoral e a preparação mais intensa às ordens sacras, em vista da configuração prática a Jesus Cristo” (DFPIB, 299).
As etapas da formação inicial estão marcadas pela celebração dos ritos que preparam para as ordens sacras: a instituição de leitor, de acólito, o rito de admissão, profissão de fé e juramento de fidelidade. Esses ritos têm significado vocacional e eclesial, devendo sempre ser precedidos de adequada preparação, de modo a permitir a vivência generosa do seu sentido e de suas exigências. A instituição de leitor se realiza no ano de conclusão da etapa do discipulado; a instituição de acólito, na etapa da configuração; a admissão às ordens sagradas, na conclusão da etapa da configuração; o juramento de fidelidade e a profissão de fé, imediatamente antes da ordenação diaconal e presbiteral.
A formação presbiteral deve ser integral, ou seja, deve garantir crescimento e amadurecimento em todas as dimensões do ser humano cristão. Em nossa Arquidiocese, o processo de formação inclui cinco dimensões: humana, espiritual, intelectual, pastoral e comunitária. A formação humana representa a base necessária e dinâmica de toda a vida sacerdotal. A formação espiritual é a que caracteriza a qualidade do ministério sacerdotal. A formação intelectual oferece os instrumentos racionais necessários para compreender os valores próprios do que é ser pastor. A formação pastoral habilita o seminarista ao serviço eclesial responsável e profícuo. A formação comunitária é o contexto para a inserção em uma verdadeira fraternidade sacerdotal e representa o âmbito onde concorrem e interagem todas as dimensões mencionadas anteriormente, harmonizando-se e integrando-se reciprocamente (Ratio 90).
Cada uma dessas dimensões formativas é dirigida à “assimilação do coração à imagem do próprio coração de Cristo” (Ratio, 89).
O horário diário do seminário não é uniforme, mas a sua estrutura fundamental está orientada para a realização da formação integral. O dia sempre inicia com um momento de oração, normalmente a recitação da liturgia das horas. Na parte da manhã os seminaristas frequentam as aulas na faculdade de filosofia e de teologia. A parte da tarde e da noite é dedicada ao estudo pessoal, trabalhos manuais, esporte, celebração eucarística e práticas devocionais.
Integrados no programa de formação, há muitas outras atividades que é preciso ao menos mencionar: o retiro anual, a confissão periódica, a prática pastoral nos finais de semana, a experiência missionária na Igreja Irmã de Ponta de Pedras (ilha do Marajó), a prática da preparação da homilia dominical.
A celebração do centenário da Igreja Particular de Sorocaba nos faz cair na conta do percurso histórico realizado em estreita comunhão com a renovação conciliar. Inúmeros jovens foram formados em nosso seminário arquidiocesano, e mesmo os que não chegaram a ser ordenados, guardam do seminário uma memória positiva e gratificante.
Caminhamos para o futuro com esperança e determinados a preparar sacerdotes segundo o coração de Cristo. Sob o manto de Nossa Senhora da Ponte está a vida e a formação de nossos futuros presbíteros.
Dom Julio Endi Akamine é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba