Outubro rosa : falando sobre o câncer de mama

Por Cruzeiro do Sul

Susan G. Komen nasceu em 31/10/1943, na cidade de Peoria, Illinois, USA. Foi casada com Stanley Komen e adotaram dois filhos. Ainda jovem, apresentou um câncer da mama e veio a falecer desta doença em 14/8/1980, com apenas 36 anos de idade. Sua irmã, Nancy Brinker criou em 1982, a “Susan G. Kkomen Brest Cancer Foundation”, em sua homenagem, com sede em Dallas, Texas, USA. Hoje, com 42 anos de existência, o objetivo principal deste movimento, que se tornou internacional, é o de alerta e conscientização para o câncer de mama. Outras campanhas isoladas existiam em outros países, mas esta continua sendo a mais conhecida em todo mundo. Em 1983, aconteceu em Dallas, a primeira corrida

(marcha ) denominada “Race for the Cure”. O “Laço Cor-de-Rosa” foi introduzido pela primeira vez na corrida para a cura de 1990, na cidade de Nova York. Em 1992, o New York Times declarou o ano de 1992 como o “Ano do Laço Cor-de-Rosa”. Hoje existe a “Pink Ribbon International”, organização que tem o objetivo de criar uma comunidade de apoio, em nível mundial, relacionando o laço cor-de-rosa como um símbolo representando a luta contra o câncer de mama.

O “Outubro Rosa” foi criado na Califórnia em 1997 e foi aprovado pelo Congresso Americano, sendo o laço cor-de-rosa considerado o símbolo do Outubro Rosa, com objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama, sua prevenção e o diagnóstico precoce da doença. Nesta mesma época, vários monumentos históricos tanto nos EUA como em outros países, foram iluminados com a cor rosa. No Brasil, este movimento começou a ser conhecido no ano de 2002 com a iluminação do Obelisco do Ibirapuera em São Paulo. Em 2008, foi o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que recebeu pela primeira vez a iluminação rosa. A campanha ganhou força e hoje a iluminação de monumentos com esta cor é realizada em várias cidades do Brasil e de outros países. O Outubro Rosa tem sua importância na conscientização para o câncer de mama, sendo este o tumor mais frequente entre as mulheres em todo mundo, inclusive no Brasil, sendo também a principal causa de morte entre aquelas portadoras de câncer.

O câncer de mama no mundo

Atualmente, é previsto o diagnóstico de mais de dois milhões de novos casos de câncer de mama por ano, com aproximadamente 750 mil mortes anuais. É realmente o mais frequente câncer entre as mulheres em todo o mundo. O câncer de mama é um tumor antigo, descrito em alguns papiros egípcios. Historicamente, o primeiro caso descrito foi de Atossa, rainha da Pérsia, em 500 anos antes de Cristo, a qual enfaixava seu tórax para esconder a doença, mas pediu depois para que um servo a amputasse. Uma triste história.

O câncer de mama no Brasil

É previsto para 2024 o diagnóstico aproximado de 74 mil novos casos (mais de 150 casos por dia, representando 30% de todos os casos de câncer em mulheres no País), com aproximadamente 20 mil mortes por ano. O Outubro Rosa ganhou força no Brasil a partir de 2008 e foi estabelecida como uma campanha oficial a partir da Lei 13.733 / 2018, sendo marcado por ações de conscientização e informação da população sobre o câncer de mama.

Fatores de Risco

O câncer de mama não tem uma causa única. Sua ocorrência depende de uma séria de fatores de risco, alguns que podem ser modificados, outros não. Dentre os fatores imutáveis temos o sexo das pessoas (mais frequente entre as mulheres e raro entre homens); a idade (torna-se mais frequente a partir dos 40 anos); história familiar (embora seja responsável por menos de 10% destes cânceres); menarca precoce e menopausa tardia; primeiro filho após os 30 anos de idade; aleitamento materno. Dentre os fatores mutáveis : hábito de vida saudável ( prática de exercícios ); alimentação equilibrada; obesidade; amamentação prolongada; evitar o consumo de álcool em excesso. O câncer de mama não distingue classe social e pode surgir quanto menos se espera, mas o seu diagnóstico precoce, pode salvar a vida. Se descoberto inicialmente , a cura pode ser alcançada em mais de 90% dos casos. O autoexame das mamas é importantíssimo, mas, em mulheres a partir dos 40 anos de idade, a mamografia anual ainda é o principal exame para se obter um diagnóstico mais inicial da doença, preferencialmente da lesão ainda impalpável. Outros, como a ultrassonografia e a ressonância magnética, fazem parte deste arsenal de exames. Com o diagnóstico precoce da moléstia, realizada pela biópsia do tumor e o estudo imunohistoquímico do mesmo, podemos estabelecer qual será o tratamento ideal a ser realizado. Dentre estes temos, a cirurgia, que pode ser menos agressiva, mais conservadora e se o tumor for de pequeno tamanho; cirurgias mais radicais, como as mastectomias, estão sendo cada vez menos realizadas. A quimioterapia, com finalidade de diminuir o tamanho do tumor e também tratá-lo de um modo sistêmico (antes ou após o tratamento cirúrgico); a radioterapia, realizada quase sempre após a cirurgia, tem papel importante no controle local da doença; a hormonioterapia, se o tumor apresentar receptores hormonais positivos ou não; a imunoterapia, com medicamentos às vezes caríssimos, dependendo do resultado imunoterápico. Estes tratamentos raramente são realizados isoladamente e portanto, para se obter bons resultados, necessitamos de uma equipe multidisciplinar: radiologista, patologista, mastologista, oncologista clínico, radioterapeuta, cirurgião plástico, fisioterapeuta, fisiatra, nutricionista, enfermeiras, assim como outros profissionais da saúde.

Para o combate efetivo do câncer de mama, não basta apenas a detecção precoce da doença. É preciso também, o envolvimento de vários segmentos da sociedade, na busca de soluções para melhorar o atendimento e a qualidade de vida das pacientes. Algumas Leis já existem: acesso à mamografia para mulheres acima de 40 anos de idade ( Lei 11.664 / 2008 ); Lei dos 60 dias (número 12.732 / 2.012 ), prevendo que toda mulher diagnosticada com câncer, inicie seu tratamento em 60 dias ( embora muitas delas aguardem até seis meses para iniciá-lo ); reconstrução imediata (Lei 12.802 / 2.013 ), ainda que apenas 10% das mulheres mastectomizadas conseguem realizar sua reconstrução pelo SUS.

A pergunta continua sendo feita: “o câncer de mama é curável ?” Sim...esta doença é bem controlada e nos dias de hoje ela é Curável...!!! E a vida deve seguir em frente, voltar ao normal, com muita coragem. Caso encontre algo em suas mamas, não se desespere, não fique parada, procure ajuda. Quanto mais cedo a doença é descoberta, maior a chance de cura. Repetimos que, o câncer de mama, diagnosticado precocemente e bem tratado, pode ser curado em mais de 90% dos casos.

Luiz Antonio Guimarães Brondi, mastologista. Membro da Academia Brasileira de Mastologia. Titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina de Sorocaba (PUC/SP)