A problemática do resíduo eletrônico

Por

Ana Carolina Cugler Moreira, Maria Eduarda Gonçalves Lousada e Vyctor Augusto Carstens Dichuta

Quando falamos em equipamentos eletroeletrônicos, estamos falando de celulares, computadores, televisores, videogames, geladeiras, máquinas de lavar roupa, entre outros equipamentos que usam eletricidade (diretamente da tomada, pilhas ou baterias). Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, alguns equipamentos tornaram-se essenciais, melhorando a qualidade de vida, porém se tornam obsoletos rapidamente. O lançamento de novos equipamentos cada vez mais modernos e a baixa expectativa de vida que alguns aparelhos apresentam faz com que o consumo desse tipo de equipamento cresça de forma exponencial.

Para que a tecnologia avance a ponto de acompanhar o desejo de equipamentos mais novos e mais modernos, muitos estudos e componentes são necessários. Dos 118 elementos que existem na tabela periódica, acredita-se que 69 estão presentes nos equipamentos eletrônicos, como chumbo, estanho, cromo, ferro, alumínio, ouro, mercúrio e vários outros (https://bit.ly/368Tjns).

Muitos desses elementos são tóxicos, e quando descartados em lugares impróprios podem causar riscos à saúde humana e ao meio ambiente, poluindo água, solo e o ar. Mesmo sendo uma pequena porcentagem (cerca de 2%) de todo o lixo sólido gerado numa cidade, o resíduo eletrônico representa a maior parte (cerca de 70%) dos resíduos perigosos presentes em aterros (https://bit.ly/36dUz8Z).

Estima-se que em 2019 foram gerados 53,6 milhões de toneladas (Mt) de resíduos eletroeletrônicos (REE) no mundo, sendo 2.143 mil toneladas no Brasil. De todo o resíduo eletroeletrônico gerado no mundo, estima-se que 83% teve um destino incerto e os outros 17% foram formalmente coletados e reciclados. (https://bit.ly/368Tjns).

A maior parte dos REE no Brasil vai para lixões, aterros ou passam por uma reciclagem informal, que apresenta riscos à saúde e ao ambiente. Isso acontece mesmo sendo obrigatório por lei a logística reversa dos REE pelas empresas que disponibilizam esses equipamentos. Em tese, essas empresas são as responsáveis por dar uma destinação correta aos resíduos eletrônicos gerados.

A parte plástica desses equipamentos eletrônicos também gera preocupação, por ser a maior parte dos materiais dos resíduos eletroeletrônicos e não serem biodegradáveis. A degradação desse plástico pode gerar microplásticos, que são partículas menores que apresentam um grande potencial de contaminação ao meio ambiente, animais e humanos (https://revistapesquisa.fapesp.br/a-ameaca-dos-microplasticos/).

Tudo isso pode ser diminuído, ou até mesmo evitado, se a população pressionar e colaborar com a implementação da economia circular (redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia). Isso pode se dar a partir da criação de pontos de coletas, do crescimento da reciclagem desse resíduo (mas não só dele) e investimentos para que o REE tenha o tratamento e a destinação correta. A reciclagem desse resíduo traria o benefício adicional de diminuir a extração de certos elementos presentes, minimizando a sua retirada da natureza e o impacto causado.

A sede da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Sorocaba (Sema), localizada na rua Santa Maria, 197, na Vila Hortência, possui um ponto de coleta de resíduos eletroeletrônicos, como notebooks, celulares, impressoras, tablets, pilhas, entre outros resíduos que se encaixem nas dimensões de 30 cm de altura e 60 cm de largura. A coleta funciona de segunda a sexta das 8h às 17h e é possível consultar a lista completa dos equipamentos que podem ser descartados em https://www.greeneletron.org.br/lista-completa.

Ana Carolina Cugler Moreira e Maria Eduarda Gonçalves Lousada são doutorandas em Ciências Ambientais pela Unesp-Sorocaba. Vyctor Augusto Carstens Dichuta é graduando em Engenharia Ambiental pela Unesp-Sorocaba.