Côn. Santucci e Padre Alampe
Nesta terça-feira (8), é o Dia da Natividade de Nossa Senhora. A mãe de Jesus que nasceu para ser acolhedora e inspiradora de muitos sacerdotes. Nesta segunda-feira, dia 7, às 19 horas, o padre João Carlos Alampe, natural de Buri, celebrou os seus 50 anos de sacerdócio.
O ato litúrgico na paróquia de São João Batista, em Votorantim, representa um ato de fé e de ação de graças por sua vida dedicada à busca de servir como sacerdote. Padre João Carlos Alampe foi ordenado na Igreja de São Roque, em 7 de setembro de 1970 por Dom Silvio, Primeiro Bispo de Itapeva.
O filho da dona Zilda Alampe, na sua adolescência, ingressou no seminário para nunca mais deixar essa vocação inspiradora. Foi vigário geral da arquidiocese de Sorocaba e, somente se afastou por idade, quando recebeu a licença de ser sacerdote emérito. Também de Buri é a vida do saudoso padre João Santucci que nasceu nessa cidade abençoada por ilustres vocacionados.
Compartilhar a vida do saudoso padre Santucci e do padre Alampe, que se dedicaram a fazer o bem com humildade e generosidade, nos enche de entusiasmo ao escrever. Acredito que o padre Santucci vive entre os santos do céu, como um anjo amado do Criador.
Quando conheci o padre João Santucci, fiquei impressionado com a sua bondade humana junto aos pobres da praça central de Sorocaba. Um verdadeiro bom samaritano que parava, acolhia e levava os cuidados de seu frágil corpo àqueles sofridos mendigos.
Com os seus terços de plásticos, azul e rosa nos bolsos, ele sempre tinha um para oferecer a quem o procurava para confessar ou pedir conselhos. Ganhei vários dele. Um dia me contaram que ele dormia no chão sobre o assoalho, com um pequeno colchonete, como oferta da sua gratidão pela vocação que assumiu como sacerdote para servir aos mais necessitados e fiéis.
Na manhã do dia 16 de março de 1916 o bebê João veio ao mundo. Sua vida já estava dedicada e consagrada pelos pais a Nossa Senhora. Os anos passaram. Enquanto os coleguinhas de rua e de escola brincavam, o Joãozinho buscava a inspiração à sua vida religiosa, participando das missas nas capelinhas de Buri.
Motivado em suas orações, seguiu a voz interior divina rumo ao Seminário Menor de Botucatu. Tinha 14 anos de idade. Calças curtas, sapatinho preto, camisa branca, cabelo cortado bem rente na testa, o menino João se juntou aos amiguinhos. Uma vida diferente daquela que levava com a família. Sua simplicidade e timidez não atrapalhavam os estudos do seminário. O seu coração tinha dono.
Nas suas conversas com Jesus no sacrário fazia as suas preces em silêncio, pedindo fé e perseverança na missão que enfrentaria. Foi em frente. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário Maior do Ipiranga, em São Paulo, capital. De Buri para Botucatu e, agora à grande cidade com os seus desafios, eram como as caminhadas do Apostolo Paulo em evangelizar em Roma. O seminarista João Santucci sabia pelas orações a força que tinha em Jesus. Sua fraqueza física, no corpo franzino, o tornava um discípulo vigoroso.
Em 1930, entrou no seminário. Em 1951, vinte e um anos depois, seus pais entregavam as vestes dos paramentos sacerdotais em cerimônia presidida pelo Bispo Diocesano de Lins, Dom Henrique Guelain. Lá na paróquia escolhida por Deus para o neossacerdote João Santucci, acontecia a graça da sua vivência espiritual de padre.
Os seus 19 anos de padre completados em 1970 lhe trouxeram mais um chamado. Foi designado aos 49 anos de vida, ser o pastor de ovelhas nas paróquias de São João Batista, em Votorantim e Santa Rosália, em Sorocaba. Nos seis anos em que o padre João ficou em Santa Rosália, até 12 de junho de 1976, a nossa amizade floresceu.
Como não gostar daquele sacerdote que mais parecia um irmão de sangue na própria família da comunidade. Ele ouvia, acolhia, amava cada paroquiano. A gratidão foi tanta dessa igreja construída nos tempos da indústria têxtil sorocabana, que hoje encontramos um quadro com a foto do padre João Santucci no Salão Social da paróquia que dedicou o seu nome de patrono do local.
Na década de 80, padre João foi nomeado para a Catedral Metropolitana de Sorocaba. A chegada do padre João Santucci na Catedral foi celebrada com alegria. Ele iria celebrar as missas também na Igreja de Santa Cruz, onde muitas vezes o levei em meu carro.
Como Festeiro do Divino da Catedral, testemunhei como ele era um santo entre a comunidade de Sorocaba. Foi um exemplo de vocação religiosa com total entrega. Quando completou 50 anos de padre, em 2001, junto ao padre Tadeu Rocha Moraes, o padre Santucci, com 87 anos de idade resplandecia a luz divina ao celebrar e consagrar a Eucaristia. Foi exigente com os fiéis. Não admitia desrespeito para com a Sagrada Eucaristia. As mulheres não iam de vestes decotadas e nem os homens de bermuda na fila da comunhão, pois padre João deixava claro essa sua decisão.
Em 14 de agosto de 2005 o cônego João Santucci ressuscitou junto a quem amava: Jesus Cristo. A praça em frente ao Santuário de Aparecidinha tem o nome de “Cônego João Santucci”. Ele era um amante de Nossa Senhora, rezava vários terços por dia e difundia essa oração aos quatro cantos da cidade. “Eu sou de Nossa Senhora e Nossa Senhora é minha”.
Rumo ao centenário da Arquidiocese de Sorocaba, oficialmente iniciado em 15 de agosto de 2020, a sua trajetória até 2024 nos fez homenagear o Côn. João Santucci e o padre João Alampe. Dois padres iluminados pelo Espírito Santo e abençoados por Nossa Senhora da Ponte, como um marco na história dos 100 anos da arquidiocese.
Vanderlei Testa jornalista e publicitário escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta.com