E essa tal longevidade?

Por

Tiago Rodrigo Biasoli

A Universidade da 3ª Idade da Universidade de Sorocaba (Uniso), em parceria com o Clube do Idoso, organizou uma semana repleta de atividades em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa Idosa, celebrado anualmente no dia 1º de outubro.

Este dia foi instituído em 1991, pela Organização das Nações Unidas (ONU), e busca a sensibilização da sociedade sobre o processo de envelhecimento e a necessidade de reconhecimento, proteção e participação ativa da população idosa nos diversos contextos socioculturais.

Nos últimos anos, observa-se uma tendência mundial no aumento expressivo da população idosa, fato que é conhecido como transição demográfica e que traz profundas alterações na pirâmide etária, gerando um novo perfil populacional.

Esse processo pode ser explicado por diversos fatores, como: avanço da ciência, da tecnologia e da medicina; maior facilidade no acesso à informação, menores taxas de natalidade e redução da mortalidade; e, consequentemente, aumento da expectativa de vida.

A expectativa de vida dos brasileiros aumentou significativamente nos últimos anos e, segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -- IBGE, em 2017, a expectativa de vida dos brasileiros alcançou 72,5 para homens e 79,6 para mulheres, sendo este fato um dos elementos principais para o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

A maior longevidade, apesar de ser uma conquista, traz novos desafios à sociedade, principalmente na busca de qualidade de vida, que se traduz em maior tempo de vida livre de incapacidades.

O Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, passando pelo Estatuto do Idoso de 2003, busca criar estratégias para avaliar, monitorar, zelar e fomentar ações em defesa de direitos, de incentivo ao envolvimento da pessoa idosa e da promoção de fatores em prol da longevidade, como demonstra o decreto de nº 8.114 de 2013, que estabelece o Compromisso Nacional para o Envelhecimento Ativo.

O envelhecimento ativo é o processo que depende da interação entre o indivíduo e seu contexto, assim como a otimização de oportunidades para a saúde, aprendizagem ao longo da vida, participação e segurança para melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.

As novas concepções de saúde propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) vão ao encontro da autonomia e independência dos sujeitos nas atividades do cotidiano, o que envolve a máxima preservação das dimensões físicas, sociais e psíquicas durante a vida, e não apenas a ausência de doenças.

A aprendizagem ao longo da vida está aliada aos aspectos culturais e à escolaridade, permite aos indivíduos selecionar, otimizar e aprender com os desafios da vida, garantindo a conservação da vitalidade e da capacidade funcional nos estágios futuros.

Já a participação e a segurança visam a um engajamento em qualquer esfera intelectual e social que dê sentido e significado à vida, promovendo um sentimento de realização e de pertencimento, amparando e protegendo a pessoa idosa contra a negligência, a pobreza e o abandono.

Assim, a tão sonhada longevidade, que já é realidade para muitos brasileiros, é reflexo do protagonismo ao longo da vida em questões sociais, econômicas, espirituais, culturais e cívicas, o que não se traduz apenas em mudanças de hábitos alimentares, prática de atividade física e uma vida profissional intensa, em coerência com o aumento de oportunidades, incentivos e ações concretas para a plena participação da pessoa idosa na sociedade, afinal, eles têm muito a nos ensinar.

Tiago Rodrigo Biasoli é terapeuta ocupacional, docente dos cursos de Saúde e responsável pela Universidade da Terceira Idade da Uniso.