Educação física escolar em tempo de pandemia: realidade ou utopia?
Vilma Lení Nista-Piccolo
com Roberto Vazatta e Yara Machado da Silva
A história da educação física tem apresentado avanços na sua dimensão conceitual, sendo reconhecida como um campo da ciência, impulsionando a produção de conhecimento. Vários trabalhos científicos têm sido publicados sobre diferentes aspectos que envolvem essa área, em seus diversos campos de intervenção. Um deles é a escola. Investigações e propostas sobre as práticas pedagógicas que ali se dão, sobre questões que envolvem o ensino e a aprendizagem das diferentes modalidades esportivas, além da sua importância para a formação do aluno, têm colaborado para a sua legitimidade no ambiente escolar.
A educação física não deve ser interpretada como uma simples atividade do cotidiano escolar, mas sim um componente curricular obrigatório da educação básica, segundo os ditames legais. Mas, mesmo com a obrigatoriedade de sua presença na escola, ainda é preciso superar interpretações unicamente na perspectiva do “saber fazer”. Compreender a educação física como área de conhecimento permite que se dê um novo olhar aos conteúdos, recheados pelos saberes esportivos em vários temas que podem ser aplicados nas aulas.
A prática de atividade física é importante para qualquer faixa etária, principalmente quando se refere às crianças e aos adolescentes em idade escolar, pois os alunos precisam ser estimulados com ações para o desenvolvimento da coordenação motora, das habilidades físicas básicas -- como andar, correr, saltar, pular --, das capacidades físicas -- como resistência muscular, força, flexibilidade, agilidade, velocidade e equilíbrio --, além das suas relações interpessoais e da exploração de sua expressão corporal.
Dessa forma, pensar nas práticas pedagógicas a serem desenvolvidas nas aulas de educação física escolar não é uma tarefa tão fácil. Pensá-las em época de pandemia tornou-se um desafio aos professores.
Com o isolamento social, as escolas municipais, estaduais, federais e privadas assumiram posturas distintas. Algumas iniciaram rapidamente as atividades remotas com os alunos enquanto outras suspenderam todas as atividades. Há ainda aquelas que usaram esse recurso de ação remota apenas para os professores estudarem sobre o sistema de ensino, a BNCC, conteúdos e avaliação, além das possibilidades de ensino remoto como atividades futuras. Os professores de educação física têm se reinventado a cada dia para estimular a prática de atividade física nesse momento tão peculiar. As aulas têm acontecido por instruções escritas, vídeos explicativos, imagens, áudios e outras TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) disponíveis. Contudo, é certo que a presencialidade é fundamental para a aprendizagem das crianças.
Com a liberação do retorno às aulas, as propostas de atividades deverão ser desenvolvidas em espaços amplos e arejados, como quadra ou pátio, e com reorganização pedagógica, evitando, por exemplo, jogos ou esportes que tenham contato físico. O distanciamento de 1,5 metro entre alunos deve ser promovido com uma marcação no chão e estes separados em colunas ou fileiras. O uso da máscara será indispensável por alunos e professores. Todos os materiais a serem usados nas atividades deverão ser higienizados com álcool 70% antes do início de cada aula. Na entrada e na saída, os alunos deverão higienizar as mãos com álcool em gel ou lavá-las com água e sabão. O bebedouro deverá ser utilizado somente para encher uma garrafa ou copo de plástico.
Com intencionalidade pedagógica e criatividade na escolha dos conteúdos, somados a todos esses cuidados amparados pela ciência, as aulas de educação física poderão manter sua relevância na formação dos alunos.
Vilma Lení Nista-Piccolo, professora do curso de Educação Física e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uniso. (vilma@nista.com.br)
Roberto Vazatta, professor do curso de Educação Física da Uniso e coordenador esportivo do Colégio Uirapuru. (roberto.vazatta@prof.uniso.br)
Yara Machado da Silva, professora do curso de Educação Física da Uniso e professora da rede municipal de Sorocaba. (yara.silva@prof.uniso.br)