Educar para o século 22

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Crédito da foto: Reprodução / Internet

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Catarina Hand

Se hoje o mundo já possui milhares de pessoas socialmente ativas na faixa de oitenta anos, já podemos vislumbrar a significante importância que essa população alcançará no próximo século. Considerando a velocidade do avanço da tecnologia da informação e da biotecnologia, a expectativa de maior longevidade ocorrerá não somente na quantidade de anos a serem vividos, mas, sobretudo, em suas qualidades intelectual e social.

Quem nascer nos dias atuais estará com oitenta anos no início do século 22 e terá passado por todas as necessidades de reacomodação que o século 21 exigirá. Necessidades estas que não podemos “desenhar” com certeza, mas que temos ideia, visto o que já presenciamos nas últimas três décadas com o surgimento da era digital. As necessidades dos jovens nativos dessa nova era não combinam mais com as daqueles que nasceram no século passado e que, agora, necessitam se reinventar para não “perder o bonde”.

Esse “novo bonde” veio autodirigível, carregando inteligência artificial como o melhor recurso para todas as áreas de conhecimento humano e trazendo robôs que executam atividades físicas com maestria. Cabem nele também as mazelas psicológicas, sociais e ambientais que todas essas tecnologias podem acarretar.

Se nós, terrestres do século 20, imigrantes ao século 21I, ainda não conseguimos entender como orientar e educar esses nativos do novo século, como será a partir de agora, que nossa função será entender as futuras necessidades e subsidiar o crescimento saudável e próspero dos pensadores do século 22? Enfrentaremos ou nos aniquilaremos na fumaça da inutilidade inerente aos indiferentes e socialmente irrelevantes?

Para embarcar nessa nova aventura nem precisamos consultar o Google ou similares para entender que esses jovens não desenvolverão a mesma profissão durante toda a vida, terão que se adaptar às constantes mudanças, o que acarretará a necessidade de constante aprendizagem. O emprego que necessita apenas de esforço físico será cada vez mais raro, o que, mais uma vez, caracteriza a necessidade da aprendizagem com desenvolvimento cognitivo. Não terão carteira profissional assinada ou sindicatos profissionais que os representarão, nenhum sindicato conseguiria se organizar e desorganizar tão rapidamente. A assistência social governamental bem como a aposentadoria terão que se reenquadrar. A competição entre os humanos ficará restrita a jogos, pois no trabalho e no convívio social o que vai contar é a união de esforços, a empatia e o espírito de cooperação. Os algoritmos da inteligência artificial prevalecerão e não haverá mais necessidade de aprendizagem de língua estrangeira, ou de equações que os computadores e impressoras 3D farão com muito mais eficiência e rapidez do que o cérebro humano.

Mediante tais constatações, como os pais e as escolas devem proceder para conduzirem a educação dessas crianças e jovens? O que a educação básica (aquela que atende aos alunos desde o nascimento até o final do Ensino Médio) deverá oferecer?

Ainda não temos certeza do que será, realmente, básico para a boa educação, mas, considerando a riqueza que está sendo produzida em nichos de alta tecnologia, nenhuma escola poderá deixar de oferecer computadores com Internet e impressoras 3D, bem como aulas de melhor e maior utilização dessas ferramentas. A competência da empatia, urbanidade, espírito de cooperação e tudo o que consideramos ético jamais deixarão de ser básicos e imprescindíveis nos preceitos educacionais escolares e familiares, bem como o aprimoramento da criatividade e resiliência...

Catarina Hand é mestra em Educação e docente na Uniso (catarina.hand@prof.uniso.br)