Erwin Frohlich, um dos fundadores de Londrina

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Crédito da foto: Acervo da Família

Crédito da foto: Acervo da Família

Começo esta história pela gatinha da família Frohlich. Os animais domésticos são obras da criação divina, motivo pelo qual estão presentes na “Arca de Noé”. A gata Hannah, toda dengosa aguarda a chegada da sua “mãe adotiva” Ana Carolina com um olhar e carinho sensível de quem conhece o amor de gratidão. Ela recebeu esse nome de Hannah em homenagem ao próprio nome de sua dona e a uma passagem bíblica do livro de Samuel. A mãe do profeta tinha o nome de Hannah (Ana, na tradução equivalente em português). Tem origem em hebraico “Channah”. A Ana Carolina Távora César Frohlich é uma amiga de décadas. A sua gatinha só perde em afeto para o filho Rodrigo Távora César Frohlich, psicólogo clínico, a paixão número um da Ana. O pai da Ana Carolina é originário da Europa: Erwin Frohlich tem naturalidade alemã. A mãe Carolina Távora César Frohlich é filha de Joaquim César Leite e de Lúcia César Leite, de Piracicaba, SP, descendentes de portugueses.

Ana Carolina nasceu em Londrina-Paraná. Teve seus estudos e educação solidificados com as raízes do povo paranaense até os seus 15 anos de idade. Foi na fazenda de café do pai que Ana Carolina curtiu a natureza e, em meios aos cafezais, caminhou, respirou o ar puro e fez as suas leituras sob as sombras das Araucárias. A próxima moradia dos pais e da Ana Carolina, onde permanece até hoje, é Sorocaba. Com a sabedoria adquirida na juventude e a convivência cristã dos pais, planejou seus objetivos profissionais na área do Direito. Tinha como princípios praticar a justiça como regra de vida. Foi assim, que prestou vestibular na Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi). Ana Carolina é a primeira mulher classificada em primeiro lugar no vestibular concorrido daquela época, em 1970. Ana agregou seus dons pela música e pela cultura, tendo estudado piano clássico por seis anos. O idioma inglês adquirido em longos períodos em cursos especializados capacitou Ana Carolina a progredir em seus conhecimentos nas leituras jurídicas e literaturas. Os anos da década de 70 seguiam com o crescimento da indústria têxtil em Sorocaba atraindo renomados profissionais do Brasil para a cidade Manchester Paulista.

Aqui abro um parêntese para destacar um fato histórico da família Frohlich. Erwin foi um dos fundadores de Londrina e líder no desenvolvimento da cidade que surgiu tendo como inspiração do nome a capital da Inglaterra, Londres. Estes imigrantes e fazendeiros de café do Paraná, ao observarem a névoa característica da mata da região, viram semelhanças com a neblina da cidade londrina inglesa.

Em uma das praças os londrinenses encontram o monumento “Berço de Londrina”. Na placa comemorativa além do Erwin Frohlich, há a inscrição dos outros seis nomes daqueles que acreditaram e construíram essa cidade, que é um dos principais municípios do estado. Fundada em 10 de dezembro de 1934, Londrina leva esse nome também em homenagem ao inglês Simon Joseph Fraser. Conhecido como Lord Lovat, veio ao Brasil em 1924 e visitou o norte do Paraná. Em 1925, com outros companheiros, Simon criou a Companhia de Terras Norte do Paraná, a qual iniciou seu trabalho de colonização sob a orientação de ingleses. Motivo de orgulho para a família Frohlich e, em especial à filha Ana Carolina, foi a participação de seus pais nessa ousada empreitada de participarem do projeto da fundação de Londrina. Sua mãe Carolina Távora com quem tive a oportunidade de conversar muitas vezes, morava na rua São Bento e frequentava o Mosteiro de Sant’Ana. A família continua residindo no mesmo endereço. Ela também deixou em Londrina a sua vitoriosa passagem profissional. A esposa do Erwin trabalhou na Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, empreendedora da cidade de Londrina que a desenvolveu na década de 30 graças à economia cafeeira. Hoje Londrina é a segunda maior cidade do estado do Paraná.

Chegando a Sorocaba para viver na cidade com a família, Erwin Frohlich foi convidado pelo empresário Severino Pereira da Silva para exercer uma diretoria da Cia Nacional de Estamparia (Cianê), fábrica São Paulo. Assumiu mais este trabalho com sua experiência e conhecimento em gestão empresarial. Erwin morou em Sorocaba até o seu falecimento em 1973, sendo uma pessoa querida pela comunidade operária pelos seus dons de sabedoria e humildade. A história da filha Ana Carolina continua.

Após a formatura na Fadi em 1973 a Ana Carolina obteve o seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e prestou concurso público a uma vaga na Procuradoria Federal. Conquistou o primeiro lugar na seleção de candidatos. Advogada capacitada por tantos anos de estudos e seriedade com que se preparou desde o colegial, ela alcançou a sua aprovação com mérito. Foi lotada para ser integrada ao quadro da Procuradoria do INSS em Sorocaba, assumindo essa atividade profissional por 20 anos, como Procuradora Regional, até a sua aposentadoria. Uma trajetória de sucesso! Como filha única, uniu com a sua mãe a presença espiritual amorosa da vida partilhada com o pai e seguiu em frente em paz interior. Mãe, amiga, fiel às suas amizades, Ana Carolina Távora César Frohlich, descendente de alemães, húngaros e portugueses é mais uma brasileira da mais alta competência humana em missão neste planeta Terra. Ana é um exemplo de ser humano com quem aprendi o valor da amizade no grupo de estudos que fazíamos em grupo na década de 70 com os saudosos amigos Silvia e Waldomiro Camargo.

Merecidamente, a Ana Carolina deveria receber o título de Cidadã Sorocabana da Câmara Municipal.

Vanderlei Testa é jornalista e publicitário e escreve quinzenalmente no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.facebook.com/opinões.