Mídia e cidade: perspectivas na ciência

Por

Paulo Celso da Silva,

com Paulo Marquêz, Sérgio Cid de Almeida Peres, Fábio Devito e Fernanda Wal

A relação entre mídia e cidade pode ser observada por qualquer pessoa que se preste a atentar um pouco ao seu redor, ainda que a correria do dia a dia não pareça favorecer essa atenção aos detalhes.

Entretanto, para a ciência, esse cotidiano, aparentemente normal, é visto com um olhar mais curioso e crítico, o inverso do dogmático, aquele pensamento que tem certeza de tudo. Quando propomos uma análise, as certezas, se existirem, são sempre temporárias; por isso que a ciência amedronta algumas pessoas. Como elas não têm mais curiosidade de e para nada, a certeza absoluta é uma almofada confortável na qual elas podem descansar e esperar a morte, física e do pensamento novo.

Os serviços públicos, por exemplo, criados e mantidos pela administração pública, existem para atender às necessidades e garantir os direitos do cidadão. Um fator importante da prestação deste serviço é uma divulgação por meio de informações claras e precisas, para que o cidadão conheça sobre o que precisa ser feito para obtê-lo. Em 2017 foi criado o Código de Defesa do Usuário do Serviço Público, em que todos os órgãos públicos devem divulgar sua “Carta de Serviços”, um documento em formato impresso ou on-line, para informar como o cidadão pode conhecer a lista de serviços dos órgãos públicos, suas formas de acesso, prazos, locais, meios de comunicação e os padrões de qualidade para um atendimento público excelente. Ou o direito de expressão, em que é fundamental que a todos seja garantido o direito de expressar livremente seu pensamento, seja ele qual for.

Em contraponto é essencial que as sociedades desenvolvam e cultivem um forte senso de tolerância, possibilitando que as mais diferentes ideologias, preferências e opiniões possam se manifestar sem serem censuradas. A liberdade de expressão como um dos direitos fundamentais não é um direito absoluto, isso significa que seu exercício está atrelado a outros deveres e, pode-se assim dizer, existem alguns limites para tal. Deve-se ressaltar, contudo, que a Constituição não garante uma liberdade irresponsável de pensamento, já que, muitas vezes, tal direito pode afetar direito de terceiros.

Se relacionarmos a liberdade de expressão para um olhar mais próximo ao período técnico-científico-informacional, este momento atual em que técnica, ciência e informação são carregadas em um smartphone pelas ruas, compreenderemos que, embora tal liberdade seja fundamental nas sociedades democráticas, ela não é absoluta, uma vez que seu entendimento pode ser transformado, dividido e até regulamentado, de acordo com as necessidades, preceitos, costumes e interesses de uma ou mais classes sociais. As circunstâncias que resultam neste fenômeno são diversas e incluem interesses econômicos, políticos e sociais.

A leitora ou o leitor não teriam como saber, mas até a linha anterior falávamos de quatro pesquisas diferentes dos alunos do mestrado e doutorado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso), quatro cientistas sociais a buscar compreender aspectos do cotidiano e propor leituras e ações novas.

Portanto, quando andar pelas ruas, além dos cuidados normais para com os aspectos imediatos, atente-se também para os detalhes que nos cercam, e note a grande carga de conhecimento e ciência que foram dispensados para todos aqueles objetos. E como dissemos, o conhecimento e a ciência têm a vantagem de poderem mudar, alterar, transformar... por isso, se algo pode ser melhorado na e pela cidade, não deixe de indicar. Use seu conhecimento para melhorar a vida de todos, nessa grande obra coletiva que é a construção da cidade.

Paulo Celso da Silva, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Uniso Mestrado e Doutorado.

Paulo Marquêz e Sérgio Cid de Almeida Peres, doutorandos no Programa da Uniso.

Fábio Devito e Fernanda Wal, mestrandos no Programa da Uniso.

Contato sobre o artigo: paulo.silva@prof.uniso.br