Nem tudo que sibila é asma

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Crédito da foto: Pxhere

Mário Cândido de Oliveira Gomes

O sibilo ou chiado no peito é o sinal mais importante de asma brônquica, mas pode ocorrer em outras enfermidades, tais como: bronquites infecciosas, bronquiolites, bronquiectasias, etc. A asma é uma doença inflamatória crônica com inchaço do revestimento das vias aéreas do pulmão e produção exagerada de muco. Os episódios de asma (crises) ocorrem pelo estreitamento das vias aéreas, o que provoca grande dificuldade na saída de ar dos pulmões.

A doença aparece espontaneamente ou em decorrência de fatores ambientais (dentro ou fora do ambiente doméstico), denominados desencadeantes ou gatilhos, que pioram os sintomas da enfermidade. A causa da asma não é totalmente conhecida, porém, não existe dúvida sobre a participação de mecanismos imunológicos, isto é, uma resposta exagerada dos brônquios diante de certos estímulos. Também é identificada uma base genética, que se transmite pelas sucessivas gerações.

Entre os fatores precipitantes mais comuns citam-se os alérgenos conhecidos, como pólen, mofo, pêlos de animais (escamas finas da pele, pelos ou penas de animais), ácaros e baratas. Ainda, infecções virais do aparelho respiratório (gripes), produtos irritantes, como odores ou spray fortes, substâncias químicas, poluentes do ar ou alterações das condições climáticas (mudanças de temperatura). Da mesma forma, exercícios, fumaça do tabaco ou da queima de madeira e medicamentos (aspirina, anti-hipertensivos, etc).

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A asma é classificada em extrínseca (atopia), quando os fatores podem ser identificados (testes cutâneos ou de provocação), ou intrínseca, sem possibilidade de reconhecimento. Durante a crise o indivíduo apresenta um, alguns ou todos os sintomas, como sibilos (som sibilante ou agudo na expiração), falta de ar, sensação de aperto no peito e, principalmente, tosse seca. O peito fica estufado, a respiração é rápida, a expulsão do ar é prolongada e os sibilos são audíveis à distância. Nas crises mais graves surge batedeira no coração, agitação, dificuldade na fala e leve cianose (cor azulada nos lábios e pele).

Nas crianças o quadro é dramático em virtude da angústia e da intensa fome de ar, assustando os familiares. O raio-X de tórax mostra um pulmão expandido e o fluxo respiratório máximo menor que 75% , enquanto o hemograma e o exame de escarro revelam grande quantidade de células conhecidas como eosinófilos, responsáveis pelo quadro de hipersensibilidade (alergia). Os gases arteriais (oxigênio e carbônico) também se encontram alterados, refletindo a gravidade da situação.

A asma não tem cura, mas os sintomas podem ser controlados, assim como evitar seu aparecimento. O tratamento preventivo ou supressor dos sintomas é realizado com broncodilatadores (salbutamol, ipatrópio, etc) e anti-histamínicos ou anti-inflamatórios, como os corticóides, de preferência na forma de spray (bombinhas). Tais substâncias também podem ser utilizadas em aerossóis, com resultados excelentes.

O ideal é evitar os fatores desencadeantes, suspender o fumo, não permitir animais no domicílio (cão, gato, etc) e, sobretudo, no quarto de dormir, que deve ser mantido arejado e com bastante sol para eliminar os ácaros e fungos. As cortinas, tapetes, móveis, pisos, etc. devem ser lisos e de fácil manutenção, a fim de combater as poeiras domésticas. Atualmente existem produtos profiláticos, como o cromoglicato dissódico, corticóides de ação local, etc. que impedem as crises de asma induzidas pelo exercício, assim como as crises noturnas. Com isso, o portador de asma pode levar uma vida plena, produtiva e feliz, inclusive participar de competições esportivas. No diagnóstico é preciso cuidado, pois nem tudo que sibila é asma. No outono e inverno, quando as temperaturas são baixas e oscilantes, as crises retornam, exigindo cuidados especiais, principalmente das crianças.

Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.