Projeção de consumo para o fim de ano e férias
Diogo Carvalho
A Pesquisa Perspectiva Empresarial, realizada pela empresa Boa Vista SCPC no terceiro trimestre com cerca de mil empresários do comércio, serviços e indústria de todo o País, mostra que a expectativa de aumento no faturamento deste final de ano é positiva em todos os setores, em especial no comércio. O porcentual de empresários desse setor que esperam faturar mais nos últimos meses de 2019 saltou de 42% para 58%, se comparado com igual período de 2018.
O otimismo pode ser justificado em razão da atual situação econômica no País, que começa a mostrar uma tendência de recuperação, a partir de alguns indicadores, que trazem nova confiança ao consumidor. Em Sorocaba, o sentimento dos lojistas e associações ligadas ao comércio também é de melhora nas vendas no final deste ano, em função dos novos saques do FGTS e do 13º salário, que impulsionam a economia como um todo.
Se compararmos esses dados com consumidores de países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, observamos que os da região de Sorocaba têm o que comemorar. Nos EUA, por exemplo, a pesquisa 2019 Holiday Outlook, da PwC, que explora os comportamentos prováveis de compra de 2.017 consumidores norte-americanos, indica que, apesar de 86% dos consumidores ouvidos estarem um pouco mais otimistas em relação às compras deste final de ano, em média, em presentes, viagens e entretenimento, eles irão gastar apenas 2,7% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. E o foco principal dos gastos são com presentes para a própria família.
Conforme a pesquisa da PwC, esse resultado é justificado pela escassez de trabalhadores disponíveis nos Estados Unidos, que provocou salários mais altos, enquanto a inflação relativamente fraca deu aos consumidores maior poder de compra nesta temporada de final de ano.
No entanto, uma desaceleração global mais pronunciada e a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo -- EUA e China -- estão aumentando o risco de recessão. Esses eventos atingiram os fabricantes norte-americanos, restringindo o investimento em várias indústrias. O crescimento das exportações nos Estados Unidos deverá enfraquecer e os grandes encargos da dívida provavelmente restringirão o estímulo por parte do governo, deixando os gastos do consumidor como o único apoio à economia norte-americana. Parte dessa resiliência dos consumidores decorre do fato de que bens de consumo foram poupados na escalada da guerra comercial.
Ambas as pesquisas -- a da RMC e a dos Estados Unidos -- revelam, portanto, uma tendência de consumo mais consciente por parte da população em geral, principalmente entre a parcela mais jovem de consumidores, que preferem fazer parte de uma economia compartilhada a adquirir um produto novo. E ainda tendem a fazer mais compras on-line, pois primam pela conveniência de adquirir sem precisar sair de casa.
Os empresários da nossa região e de outras partes do mundo precisam estar sempre atentos a essas tendências de consumo, adequando-se a elas para garantir o futuro de seus negócios em qualquer época: das mais otimistas às mais pessimistas.
Diogo Carvalho é sócio da PwC Brasil.