Santinha!

Por

Neusa Gatto

Ô santinha, me escuta! Sei, sei que sou afoita, ansiosa, que enfio os pés pelas mãos. Mas, ouve. Mais uma vezinha só.

Ajoelhada em frente ao pequeno aparador/altar, onde sempre acende velas e incensos, ela olha firme pra santa. Continua. Então... a senhora bem sabe que eu não sou pessoa ruim. Daquelas de ter ódio, rancor ou sentimentos que me ocupem para o mal por muito tempo... uma vingançazinha amorosa... quem sabe... mas, das sutis, nada no escracho, vamos dizer assim.

Então... já desvio do assunto... Não preciso nem falar de novo porque a santinha sabe o que acontece. Sabe também que parece falta de consideração minha chegar aqui, justo eu, que não acredito em nada de vida depois da morte, santos, Deus sentado em nuvem, essas coisas. Nunca fui muito pia e, agora, vivo aqui a me acalmar, meditar, pedir ajuda, a conjeturar, pensa aí a senhora...

Talvez a utopia me atrapalhe um pouco.

Mas, vai entender os neurônios, dopaminas e serotoninas envolvidas num simples ato de fé! Aquela fé que em cada um é de um jeito. E dum jeito que funciona pra cada um de um jeito diferente também. Cada qual com seus motivos. Se funciona, do it!

Bem, querida, já fujo do assunto. Foco no tema. Estou hoje não para choramingar problemas, filosofar, opinar... matraquear... Meu único e sincero motivo é a gratidão. Agradecer pelo que me inspirou estar aqui, de vez em quando, a sua frente. Como uma luz na obscuridade, pequena no início, que se expande, ilumina, amplia a claridade...

É a felicidade que me move aqui. A alegria de fechar mais um ano com mais amigos que antes. Com saúde ultrabacana. Ideias, projetos, pensamentos que somam nas perspectivas e expectativas ainda pulsantes. De procurar ser, por fora, o que se é por dentro. Sem falsidades, mentiras, enrolações. Brindar ao emocional, espontâneo, verdadeiro.

Mais que felicidade é gratidão, santinha, por poder encontrar nas pequenas coisas, grandes felicidades.

Neusa Gatto é jornalista e produtora de vídeos.