Dia da Mulher Advogada

Por Cruzeiro do Sul

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As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho brasileiro, o que se reflete, também, no segmento jurídico. São elas a maioria na advocacia, existindo atualmente 735.789 mulheres advogadas inscritas no País, o que corresponde a 51,44% do total dos advogados, segundo informações atuais do Conselho Federal da OAB.

Porém, ainda não existe a efetiva e equilibrada representatividade que se almeja entre homens e mulheres nas carreiras jurídicas, especialmente no exercício das funções de liderança. Isso porque existem barreiras invisíveis bastante presentes no cotidiano como a discriminação, a desvalorização e o assédio, que atingem cerca de 35% das mulheres de acordo com dados da pesquisa global da IBA — Internacional Bar Association, além da disparidade financeira e na impossibilidade de ascensão, situações que as afetam, sobremaneira, causando-lhes prejuízos financeiros e de saúde, física e/ou psicológica.

De se destacar, ainda, que a sub-representação feminina nas carreiras jurídicas gera uma perda enorme para a sociedade e para o próprio direito, seja pela ausência de diversidade e pela perda de talentos, seja no empobrecimento dos debates, mas, especialmente, na falta de melhores decisões, pois assentos femininos, especialmente nas posições de liderança, e sem amarras, além de necessário, são essenciais para o equilíbrio no sistema de justiça e, consequentemente, para que tenhamos uma sociedade melhor.

É certo que inúmeras advogadas têm constituído os seus próprios escritórios, intensificado seus esforços em planos de carreira, inclusive nos ambientes corporativos, têm participado mais expressivamente de concursos públicos e têm se candidatado e se propondo, inclusive, a ocupar cargos eletivos e de liderança, seja na OAB, na Magistratura, no Ministério Público, e outros, assim o fazendo, muitas vez, por terem uma ótica efetivamente preocupada com a necessidade do crescimento da representação feminina no mundo jurídico, o que está causando um movimento de transformação importante e deve ser incentivado e prestigiado.

Mas é necessário mais: As mulheres devem ter visibilidade, voz e presença efetiva, seja em mesas de reuniões e audiências, assim como a possibilidades de decisão, inclusive sobre assuntos de alta relevância. As mulheres não podem ser diminuídas, desrespeitadas ou assediadas, muito menos medidas e julgadas por suas vestes ou por sua aparência, tal como não acontece com os homens.

Assim, no dia 15 de dezembro, data em que se celebra o Dia da Mulher Advogada em homenagem a dra. Myrthes Gomes de Almeida, a primeira mulher brasileira registrada como advogada em 1906, todas as mulheres advogadas brasileiras devem receber os parabéns pela sua luta individual e coletiva, mas, acima de tudo, merecem receber respeito e o mesmo leque de possibilidades disponibilizado aos homens. Este é o melhor presente que se espera para o nosso futuro.

Maria Cláudia Tognocchi Finessi, é advogada e Coordenadora da 14ª Regional da Comissão da Mulher Advogada da OABSP.