Inferno motociclístico
Um prezado assinante reclamou, recentemente, do barulho das motocicletas. O Cruzeiro do Sul já publicou cartas de minha autoria, a respeito desse tema. Resultado: inúteis.
Em qualquer avenida movimentada, não se tem um minuto sem que um desses motociclistas (em geral, entregadores) passe distribuindo mal estar acústico. Não são devidamente punidos, aplicando-se as penalidades cabíveis, por um único motivo: não há vontade administrativa ou não faz parte das prioridades.
Às autoridades cabe cumprir a legislação que, sob esse aspecto, é clara (mas, ‘não pegou‘). (Falta de decibelímetro? Ora, senhores...). Não se percebe, nelas, a mais remota disposição para agir. Simples ações pontuais desencorajariam esses indivíduos insensíveis e sem educação. O boca-a-boca encarrega-se do resto. Mas, conhecendo o andar da carruagem, não acredito que deixem os trilhos batidos da inoperância.
Excluídas as autoridades, resta a ... população. Cada motociclista possui familiares e/ou vizinhos e/ou conhecidos que conhecem o comportamento dele. Como eles saem pela manhã e retornam à noite, os menos atormentados são os vizinhos. Há, pois, uma compreensível conivência ou indiferença.
Também são responsáveis pelo barulho os contratantes. O argumento de que não há vínculo empregatício é frágil. Ocorre que, aos contratantes, nada vale a saúde acústica da cidade, pois à maneira dos familiares e vizinhos encontram-se em ponto de partida e chegada, dentro de seus negócios.
Os que mais sofrem são os pedestres, os que esperam por ônibus em um ponto qualquer de rua movimentada. Bastam cinco minutos, parado, por exemplo, em um local qualquer da Avenida Itavuvu, para se desfrutar do inefável prazer de suportar, seguidamente, roncos assustadores de até 100 decibéis (equivalente a uma britadeira), dependendo do horário. Barbárie. Denunciar? Anotar a ridícula placa que passa em alta velocidade?
Estamos sem saída!
PROF. JOSÉ OSMIR FIORELLI