Sem chuvas, hora de economizar água
Estiagem persistente faz acender o alerta amarelo em praticamente todas a regiões do País. Cidades da RMS já fazem rodízio ou adotam medidas de controle na distribuição
Com a permanência da estiagem em praticamente todas as regiões do País, por mais que os governantes e autoridades tentem minimizar a questão, a crise hídrica se avizinha. E não se trata de culpa desse ou daquele gestor. A provável dificuldade no abastecimento de água que boa parte da população irá enfrentar é fruto de um conjunto de coisas. E entre elas, a principal, disparada, é uma que a gente não consegue controlar: as chuvas.
Matéria desta edição do Cruzeiro mostra que, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba, registros de precipitação na bacia em 2021 indicam um volume precipitado 60% abaixo da média histórica. Ou seja, neste ano choveu absurdamente menos. Além disso, os dados retratam um cenário preocupante de déficit hídrico que atinge o reservatório de Itupararanga.
Por conta do baixo nível da represa, a situação de Sorocaba e demais municípios que captam água do reservatório preocupa o comitê e outros órgãos, como o Ministério Público Estadual.
Mesmo depois de serem implantadas medidas de redução da vazão da represa de Itupararanga, o índice de volume útil do reservatório continua caindo. Segundo a Votorantim Energia, ele chegou a 28,18% ontem, menor do que o registrado na semana passada, que era de 29,60%. É também o menor índice de todo o ano de 2021. O nível nominal do reservatório (818,56) também se encontra próximo do patamar mínimo, que é de (817,5), o chamado “volume morto”.
Com essa redução, aliada à estiagem, já é possível perceber vários pontos de assoreamento no rio Sorocaba. Dessa forma, outra preocupação passa a ser com a qualidade da água, já que a diminuição da vazão da represa para o rio impacta nisso.
Para tentar minimizar a situação geral, foi instituído um grupo de trabalho para acompanhar diversos parâmetros e adotar medidas emergenciais de combate à crise hídrica.
Como consequência dessa crise, pelo menos quatro cidades da RMS já estão fazendo rodízio no fornecimento de água para a população: Araçoiaba da Serra, Itu, Salto e Tietê. Já Itapetininga, Porto Feliz e Cerquilho adotaram medidas de controle no abastecimento de água.
Em Araçoiaba da Serra, por exemplo, já está sendo bombeada água de uma pedreira localizada em Salto de Pirapora, para complementar a vazão do rio Piraporão. A concessionária Águas de Araçoiaba, responsável pelo saneamento básico no município, anunciou anteontem o racionamento periódico.
Itu implantou mudanças no sistema de rodízio para o abastecimento de água da cidade. A região central passou a ser abastecida em dias intercalados. Há dez dias, os reservatórios estavam operando com 39% da capacidade, e os mananciais, 30%. A prefeitura determinou que pessoas flagradas desperdiçando água serão multadas em até um terço do valor do salário mínimo.
O sinal amarelo também foi aceso na região metropolitana da capital. Na quarta-feira, o Sistema Cantareira -- considerado o maior reservatório de água e que abastece cerca de 7,3 milhões de pessoas por dia -- entrou em estado de alerta, quando chegou a 39,9% de sua capacidade de armazenamento. Ontem, por exemplo, o manancial operava com queda ainda maior, em 39,7%. Volume igual ou maior do que 30% e abaixo de 40% se caracteriza estado de alerta para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Para ser considerado normal, o volume de um reservatório tem de estar com pelo menos 60% de sua capacidade.
No caso de Sorocaba, a entrada em operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Vitória Régia, que faz a captação de água diretamente do rio Sorocaba, trouxe mais segurança hídrica para o processo de captação, tratamento e distribuição, inclusive atendendo outras regiões da cidade.
Contudo, é evidente que a população precisa fazer a sua parte. A colaboração das pessoas para o uso consciente da água é imprescindível sempre. Mais ainda nesse momento de fortíssima estiagem.