Círculo virtuoso precisa ser alimentado
Empresários e economistas alertam que o processo não pode parar. Não se pode "dormir em berço esplêndido" ou "viver da fama"
Descontada a inflação de dois dígitos -- oriunda de componentes externos e, ao que tudo indica, já com os dias contados -- e alguns percalços pontuais, a economia brasileira inicia 2022 demonstrando potencial de evolução positiva e consistente.
Além do progressivo recuo do desemprego, apontado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segue-se o saldo recorde na balança comercial.
A melhor notícia é que Sorocaba não apenas acompanha a tendência nacional, como ainda apresenta índices superiores à média do País na maioria dos casos.
Enquanto o contingente de brasileiros ocupados cresceu 3,6% no trimestre encerrado em novembro, na comparação com o período anterior, no município o incremento de postos de trabalho se aproximou de 4,5%.
No acumulado de janeiro a novembro de 2021, todas as empresas sorocabanas juntas criaram 15.226 novos empregos formais.
A cifra é infinitamente maior do que a do ano anterior, quando o município fechou 948 vagas. Ou seja, a cidade passou de um cenário negativo para outro altamente positivo em plena pandemia de Covid-19.
No âmbito do comércio exterior, o total das vendas das empresas sorocabanas superou a taxa de crescimento nacional em exatos dez pontos percentuais. É relevante destacar que o País obteve em 2021 o melhor resultado dos últimos 32 anos.
As exportações brasileiras cresceram 21,1% nos 12 meses do ano passado, na comparação com o resultado obtido em 2020. Sorocaba, por sua vez, apresentou salto positivo de 31,1% em apenas onze meses -- de janeiro a novembro de 2021, na confrontação com todo o ano de 2020. Os números do comércio exterior dos municípios relativos a dezembro ainda não foram divulgados.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as vendas das empresas sorocabanas para outros países subiram de US$ 868.327.846,00 em 2020 para US$ 1.272.766.753,00 no período de janeiro a novembro do ano passado.
Levantamento feito pelo jornal Cruzeiro do Sul demonstrou que a média mensal também aumentou e, de acordo com os dados, é a maior desde 2011 e ainda a terceira da série histórica divulgada desde 1997, perdendo apenas para 2008 e 2011.
As vendas de produtos sorocabanos para outros países tiveram aumento real de US$ 402 milhões -- quase R$ 2,3 bilhões -- nos 11 meses de 2021 na comparação com os 12 meses do ano anterior.
O cenário continua positivo quando se compara a média mensal das exportações: passou de US$ 72,3 milhões para quase US$ 116 milhões a cada período de 30 dias. O aumento registrado foi de expressivos 60%.
Evidente que os números relativos às exportações de Sorocaba não se mantêm quase sempre positivos por acaso, muitas vezes contrariando crises de âmbito nacional e até mundial, como é o caso do caos gerado pelo novo coronavírus.
Estudiosos do tema concordam que a resiliência sorocabana resulta de um processo iniciado há décadas, por meio de sólida parceria envolvendo o setor empresarial, as instituições formadoras de mão de obra e o poder público.
Os reflexos disso abrangem todas as demais áreas da economia local, movimentando desde supermercados e mercado imobiliário até a construção civil.
As exportações sorocabanas têm conseguido evoluir positivamente graças à diversificação da produção local. Enquanto as vendas brasileiras no comércio exterior estão concentradas nos produtos primários, como soja, minério de ferro e petróleo -- as tradicionais commodities --, Sorocaba leva para outros países principalmente produtos industrializados.
Dessa forma, as vendas do município mantiveram tendência de alta nos últimos 24 anos, com raras oscilações negativas. Desde 1997, a cidade já exportou quase U$ 22,6 bilhões, o equivalente a quase R$ 129 bilhões na cotação atual.
No entanto, apesar do círculo virtuoso vivenciado pelas exportações e pela economia local como um todo, empresários e economistas alertam que o processo não pode parar. Não se pode “dormir em berço esplêndido” ou “viver da fama”.
Ao contrário, o momento exige mais planejamento, mais investimentos, mais incentivos, mais mão de obra especializada, mais inovações tecnológicas e, principalmente, políticas públicas responsáveis. Em outras palavras, é hora de união, pois todos nós somos responsáveis pelo futuro de Sorocaba.