Jovens podem fazer a diferença nas eleições
O engajamento juvenil (...) serve como exemplo para todos os cidadãos adultos pelo simples fato de o alistamento eleitoral e, evidentemente, o voto serem facultativos
A constatação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que os jovens com menos de 18 anos estão voltando a demonstrar interesse pelo processo eleitoral reforça a esperança em dias melhores para o País. Afinal de contas, estamos às vésperas de eleições para todos os cargos executivos e legislativos nos âmbitos estaduais e federal. Quem ganha com isso? A democracia, que tem a oportunidade de se tornar mais robusta a cada ciclo. Em outras palavras, o benefício chega a todos os brasileiros, independentemente da idade e da cor partidária.
De acordo com o balanço mais recente do TSE, divulgado na sexta-feira (8), o número de alistamentos eleitorais de adolescentes de 15 a 17 anos no mês de março registrou um salto de 45,63% em todo o Brasil, quando comparado aos dados de fevereiro. Ao todo, nessa faixa etária, o número de novos títulos passou de 199.667 em fevereiro para a marca de 290.783 no mês passado. Chama a atenção o aumento da procura pelo documento entre os adolescentes com apenas 15 anos: em março foram emitidos 23.185 novos títulos para jovens com essa idade contra 12.297 documentos feitos em fevereiro, um incremento de 88,5%.
O fenômeno foi constatado também em Sorocaba. Conforme apuração do jornal Cruzeiro do Sul, o número de novos títulos eleitorais de jovens com menos de 18 anos cresceu 33,05% no mesmo período de comparação utilizado pelo TSE para avaliar os dados nacionais. Em fevereiro de 2022, um total de 2.027 adolescentes residentes no município concluíram o processo de cadastramento e conseguiram o documento que lhes garante o direito de escolher os seus representantes já no pleito de outubro. No mês passado, o montante de títulos emitidos para a mesma faixa etária subiu para 2.697.
O engajamento juvenil ao processo eleitoral ganha em importância e serve como exemplo para todos os cidadãos adultos pelo simples fato de o alistamento eleitoral e, evidentemente, o voto serem facultativos entre 15 -- a partir do momento em que completam essa idade -- e 17 anos. Vale lembrar que, mesmo com o título de eleitor, os jovens só podem comparecer às urnas e exercer o direito de votar caso já tenham completado 16 anos no dia do primeiro turno da eleição para a qual realizaram o alistamento.
A despeito do otimismo citado no início, duas questões merecem ser avaliadas com atenção. Primeiro, a participação dos jovens no processo eleitoral vinha diminuindo progressivamente desde 2002, acompanhando a crescente decepção com a política e com os políticos nacionais, diante de tantas falcatruas e desmandos. A outra face da mesma moeda é a dignidade que cada eleitor -- neste caso, independentemente da faixa etária -- atribui ao seu direito/dever mais importante, o voto.
A oportunidade para os adolescentes de 16 e 17 anos exercerem, se quiserem, a oportunidade de votar e de, assim, influenciar o destino do País, surgiu na Constituição de 1988. Lamentavelmente, o número de eleitores nesta faixa de idade caiu de três milhões em 1998 para dois milhões em 2018. Dados do TSE apontam que, em fevereiro deste ano, apenas 830 mil jovens possuíam título de eleitor, número mais baixo da história para brasileiros com menos de 18 anos. Em 2020, 23% das pessoas nesta faixa etária estavam aptas a votar. Agora, em 2022, o total caiu para 13%.
No entanto, como ocorre em quaisquer circunstâncias, a quantidade jamais se sobrepõe à qualidade. No que se refere ao compromisso primordial de todo cidadão, participar ativamente do processo de amadurecimento da democracia, é essencial que, além de cumprir a obrigação legal (obter o documento que o transforma em eleitor), se exerça, igualmente, a responsabilidade moral para com a família e a sociedade como um todo: votar conscientemente.
E o caminho para atingir esse objetivo passa, obrigatoriamente, pela educação. Quem deseja votar nas Eleições 2022, qualquer que seja a idade, e ainda não possui título ou tem pendências com a Justiça Eleitoral, ainda tem tempo para regularizar a situação e se tornar apto a votar. O cadastro eleitoral neste ano seguirá aberto até o dia 4 de maio e pode ser feito presencialmente, nos cartórios eleitorais, ou a distância, no site do TSE (https://www.tse.jus.br/eleitor/titulo-de-eleitor). Porém, antes de colocar as suas esperanças na urna eleitoral, cada eleitor precisa avaliar os candidatos e as suas propostas com sensatez.